sábado, 24 de julho de 2010

ATAQUES À IGREJA INSTITUCIONALIZADA – II: UMA DEFESA DA DOUTRINA DO DÍZIMO




Nestes últimos anos o ataque à dádiva do dízimo tem se intensificado muito. Isso se deve a dois motivos: o primeiro é devido aos vários ataques à institucionalização da igreja. Se não existe igreja institucionalizada, o dízimo se torna inviável e inadequado, já que ele tem por objetivo de suprir as necessidades, principalmente dos obreiros e serviços nos lugares de culto.

O segundo motivo se deve a total leviandade como algumas igrejas neo-pentecostais tratam essa dádiva. O comércio do Evangelho, a exploração da fé, o esbanjamento de pastores da prosperidade e os escândalos envolvendo dinheiro têm levado, mais do que nunca, alguns questionarem o uso do dízimo na igreja.

Precisamos, mais uma vez, deixar claro que os pastores que questionam o uso do dízimo na igreja de hoje usam de muita sinceridade; porém, sinceridade não é sinônimo de correto. No entanto, precisamos entender que por alguns usarem o Evangelho e o dízimo de uma forma inadequada e comercial, não significa que estes sejam errados, mas precisamos analisar de uma forma bíblica e exegética se de fato é assim.

O objetivo desse ensaio é exatamente analisar de uma forma bíblica e exegética a dádiva do dízimo e trazer um maior conhecimento às pessoas que questionam se de fato o dízimo é para os nossos dias. Pretendo analisar o dízimo no NT e o que os apóstolos ensinaram sobre isso.

1. O dízimo foi somente para o VT?

Um dos grandes questionamentos em relação ao dízimo é se ele é para nós obedecermos ainda hoje. Alguns defendem que o dízimo, à semelhança das leis cerimoniais e civis, foram somente para Israel. Dentre esses que defende essa interpretação está o Pr. Ed Rene Kivitz. Em seu artigo ele ensina que o dízimo, à semelhança do Sábado e das leis cerimoniais, foi apenas para “uma disciplina temporária, até que o povo aprendesse que a Deus pertence ‘toda a prata e todo o ouro’ (Ageu 2.8)”. Ele ainda afirma: “No Antigo Testamento Deus estava prioritariamente associado a um lugar (o Templo), um dia (o shabat), uma atividade (o culto) e um grupo de pessoas (os sacerdotes)”. No entanto, ele completa: “mas no Novo Testamento ‘Deus não habita em templos feitos por mãos humanas’ (Atos 7.48,49), já não se deve julgar ninguém pelos ‘dias de festa ou sábados’, pois todos os dias são iguais (Romanos 14.5,6; Colossenses 2.16,17) e todos são sacerdotes (1Timóteo 2.5; 1Pedro 2.9,10)”.

Podemos até entender o critério hermenêutico do Pr. Kivitz porque realmente o VT precisa ser interpretado levando em conta o NT. Somente podemos dizer que algo do VT é obsoleto se o NT ensinar isso. Realmente as leis cerimoniais de serviço do templo e a guarda de dias e festas foram cumpridas em Cristo, pois tudo isso foi sombra do verdadeiro que é Cristo. Verdade também que todos nós somos sacerdotes reais em Cristo Jesus e ninguém pode ser privilegiado em relação ao acesso à presença de Deus. No entanto, o Pr. Kivitz não levou em conta algumas nuances importantes do dízimo que são decisivas para interpretarmos o seu uso para os dias atuais.

a)    A revelação do dízimo veio antes da Lei de Moisés

O dízimo aparece pela primeira vez no VT com Abraão em sua dádiva a Melquisedeque como uma manifestação de aliança (Gn 14.18-20). O dízimo não era costume somente dos israelitas, mas outros povos já faziam essa prática como adoração a seus deuses em aliança. Segundo o DITNT:
Na Babilônia, durante o reinado de Nabucodonosor II, todos, inclusive o rei, pagavam um dízimo da terra ao templo, e, ao mesmo tempo, os reis babilônicos cobravam o dízimo de todas as importações. Os sátrapas persas também exigiam o dízimo das importações. Ciro, o persa, no entanto, obrigou seus soldados a darem a Zeus o dízimo dos seus despojos. Pausânias (século II d.C.) dá muitos exemplos da Grécia e de Roma de um dízimo como imposto sobre as terras, que ocasionalmente se dedicava aos deuses. [1] 
Abraão entrega o seu dízimo a Deus em gratidão através de Melquisedeque que abençoa a Abraão. O dízimo foi entregue não como um mandamento, mas como um sinal de aliança entre Abraão e Deus através de Melquisedeque. O autor aos Hebreus repete esse episódio para falar do sacerdócio eterno de Melquisedeque e que ele foi um tipo de Cristo (Hb 7.1-10). O autor aos Hebreus confirma que o encontro entre Abraão e Melquisedeque foi uma aliança sacerdotal, pois Abraão pagou o dízimo pelos filhos de Levi (Hb 7.9). Na verdade, a linguagem dessa passagem é de aliança entre Abraão e Melquisedeque, tendo o sacerdote Melquisedeque aquele que liderava a aliança e a bênção, pois foi ele que abençoou a Abraão. Partindo desse detalhe, não se pode analisar o dízimo como uma lei cerimonial ou civil apenas porque foi feito muito antes dessas leis.

Apesar de que o dízimo foi colocado na lei para Israel entre as suas muitas leis cerimoniais, Abraão já tinha demonstrado que ele é um relacionamento de aliança entre Deus e seu povo, pois veio muito antes da lei.

No entanto, alguém pode argumentar que o sacrifício de animais veio também antes da lei levítica do holocausto. Porém, o sacrifício de animais se cumpriu em Cristo, claramente demonstrado no NT (Jo 1.29; 36; At 8.32; 1Pe 1.19; Ap 5.6) . Ao contrário do sacrifício de animais, que tipificava Cristo, o dízimo não é ensinado que se cumpriu no NT, mas, ao contrário, os apóstolos o confirmam, embora que não tenha sido de uma forma muito explícita como iremos explicar.

Moisés sendo autor do Pentateuco e inspirado pelo Espírito Santo para escrever esses livros sabia por que colocou esse episódio antes mesmo da lei. Quando Moisés escreveu o Pentateuco, sabia que estava tratando de um povo contaminado pela natureza caída do pecado e avarento. A natureza humana continua a mesma e precisamos saber que estamos em aliança com o Deus de Abraão firmada pelo sangue do Cordeiro de Deus e, à semelhança de Melquisedeque, precisamos entregar ao Senhor daquilo que temos, pois Deus é o Senhor de toda a terra, não somente no VT, mas em todo o tempo (Sl 24.1).

Quando o Pr. Kivitz afirma que o dízimo era somente por um período para que o povo aprendesse a solidariedade, ele subestima a natureza do pecado em todos os tempos. A mesma natureza egoísta e avarenta continua na nova aliança e ela precisa da mesma disciplina e isso através da dádiva do dízimo.

É verdade que Deus não está ligado mais a um templo ou local, não precisamos mais de um dia da semana e que todos os santos são sacerdotes reais da nova aliança. Não obstante a tudo isso, não podemos esquecer que precisamos de um local de reunião e adoração e isso tem custo (1Co 11.34); que precisamos de um dia para isso (At 20.7; 1Co 16.2) e que os pastores e obreiros devem ser dignos de dobrados honorários, sendo o trabalhador digno de seu salário (1Ti 5.17; Lc 10.7). Esquecer isso é tratar o assunto com muito simplismo e esquecer as necessidades da igreja institucionalizada.

b) O dízimo traz um mandamento moral

Outro aspecto que se deve levar em conta para a permanência do dízimo para a igreja de hoje é que quando Deus fala do dízimo em Ml 3.8-10 ele afirma que o povo o estava roubando. O furto e o roubo eram claramente leis morais e pecados (Ex 20.15; Lv 19.13). Todos sabemos que as leis morais sempre permanecerão diante de nós para que observemos, mesmo no NT (Mt 19.18; Rm 13.9; Ef 4.28). Embora que não fazemos isso para sermos justos, pois o justo viverá pela fé, mas para crescermos em santificação.

Quando Deus falou a Israel através do profeta que eles o estavam roubando quando deixavam de dar os dízimos e as ofertas, Deus estava associando essa transgressão a uma lei moral e, portanto, trazendo um princípio para a igreja em todos os tempos e épocas. Mesmo que entendamos que toda transgressão das leis cerimoniais e civis trazia uma quebra da lei moral indiretamente, mas essa está explícita e bem enfatizada.

Não obstante a isso, alguém pode defender que Deus falou que era roubo somente naquela circunstância e que no momento atual não é. Porém, para se afirmar isso teríamos que ter claramente um ensinamento do NT acerca da transitoriedade do dízimo como temos do sábado e de alimentos como Jesus e Paulo ensinaram, já que se trata de algo muito sério, pois o pecado era contra o próprio Deus. Portanto, qual a base para se dizer que isso deixaria de ser roubo, sendo que o NT continua condenando o roubo e o furto, e que o NT não nos dá base para que deixemos de dar o dízimo? Para aqueles que advogam e aceitam somente as ofertas voluntárias na igreja, não podem esquecer que nessa passagem também fala das ofertas (Ml 3.8). Diante disso, mesmo assim, o texto não é levado em conta? Se o texto é levado em conta só para as ofertas, por que também não é para o dízimo?

Malaquias também falou sobre o divórcio, a infidelidade conjugal e a violência (Ml 2.15,16). Todos esses pecados são ainda considerados no NT, mesmo levando em conta a diferença conjuntural e circunstancial da passagem. No entanto, esses princípios são levados em conta e ninguém questiona que é somente para o VT, mesmo percebendo que Paulo foi também muito reticente no que diz respeito ao divórcio no geral, falando somente de apenas um caso e não tocando na cláusula excetiva que Jesus falou nos Evangelhos.

Se aceitarmos como pecado o que Malaquias falou sobre o divórcio, a infidelidade conjugal e a violência no cap. 2.18,19, por que não aceitaríamos sobre o roubo ao Senhor, pois é a única passagem na Bíblia que fala do roubo a Deus. Geralmente o roubo é contra o próximo, mas a passagem de Malaquias fala do pecado contra o próprio Deus. Por isso, a palavra hebraica usada por Malaquias no verso 8 é ‘adam (homem). Deus faz a pergunta ao homem, mostrando uma certa universalidade e algo enfático: homem finito roubando o Deus Infinito. Portanto, que autoridade temos de chamar obsoleto uma transgressão contra o próprio Deus? Principalmente quando o NT não nos autoriza para tal coisa? Isso é loucura!

Portanto, a resposta à pergunta do tema é exatamente que o dízimo não é somente para o VT, mas para a igreja de todos os tempos e épocas, já que se trata de um relacionamento de aliança entre Deus e o homem ensinado por Moisés antes da revelação da Lei mosaica e que se trata de um princípio explícito da quebra de uma lei moral, que é o roubo e o furto.

A maldição no livro de Malaquias

Ainda se tem ainda que responder talvez uma objeção aparente quando se toca no livro de Malaquias. Pode-se perguntar: então aquele que sonega o dízimo está debaixo de Maldição como afirma Ml 3.9? Como podemos estar debaixo de maldição se nós fomos abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo Jesus e o próprio Cristo nos resgatou de toda maldição da Lei (Ef 1.3; Gl 3.13)?

Precisamos pensar que Malaquias traz uma linguagem e cultura do VT. Quando Malaquias fala em maldição, ele está trazendo a imagem de pecado. Ou seja, a palavra maldição no VT vem como sinônimo de transgressão da Lei moral. Isso é ensinado em várias passagens. A primeira está em Dt 22.21,22. Notem que a pessoa que pecasse seria pendurada no madeiro chamada de maldita. Em outra passagem, Moisés afirma que aquele que transgredisse as leis dos 10 mandamentos era considerado maldito (Dt 27.15-26). O que Malaquias está dizendo é que os israelitas estavam quebrando a Lei de Deus e trazendo conseqüência de maldição, ou seja, quebra da Lei moral. Realmente, o pecado é a transgressão da Lei (1Jo 3.4) e a transgressão da Lei é uma maldição porque quebra a aliança (Gl 3.10). Não se pode esquecer que Yahweh é um Deus pactual. A lei demonstra apenas que o homem quebrou esse pacto no Éden e que deveria esperar o Messias que cumprisse o pacto com perfeição. Portanto, tudo se resume na palavra pecado. Sabemos que se um cristão transgredir a lei de honrar os seus pais ele peca da mesma forma que qualquer ímpio (Dt 27.16). A diferença é que Cristo se tornou maldição em nosso lugar pagando toda a conseqüência da Lei moral (Gl 3.13,14), mas, mesmo assim, a palavra maldição para nós se torna um indicativo de pecado. Se levarmos em conta a maldição de Malaquias, deveríamos levar em conta também a maldição de Dt 27.15-26, pois tratam de leis morais que podemos transgredi-las no dia a dia. No entanto, a maldição demonstra um indicativo de pecado na linguagem do VT.

2.     O dízimo no Novo Testamento (NT)

Outro grande questionamento para o dízimo é se ele tem base no NT ou se os apóstolos trataram como um mandamento que ultrapassasse até a nova era da igreja de Cristo. O que se questiona é por que os apóstolos não foram tão claros com respeito ao dízimo, já que este era para a igreja em todos os tempos? Por que a própria palavra dízimo é quase não usada no NT, com exceção da passagem de Hb 7 quando fala de uma passagem de Melquisedeque do VT?

Precisamos entender que não foi somente com o dízimo que os apóstolos agiram assim. Existem outros assuntos revelados e até mais sérios que os apóstolos praticamente não tratam e nem ordenam. Isso pode ser explicado devido a consciência apostólica que TODA ESCRITURA É INSPIRADA POR DEUS (2Tm 3.16).

Um dos exemplos do VT é a proibição do incesto. Os vários tipos de incesto foram proibidos no VT em Lv 18.6-17; porém, em nenhuma passagem do NT o incesto é tratado e proibido de forma plena e explícita pelos apóstolos. O que se tem é apenas uma passagem que Paulo fala aos coríntios que demonstra que foi erro e digno de disciplina quem possuiu a mulher de seu pai, mas não houve nenhuma proibição explícita em detalhes sobre isso por nenhum outro apóstolo (1Co 5.1-5). Mesmo assim, Paulo só tratou de um só caso, o de “possuir a mulher do seu pai”, mas ficaram todas as outras relações parentais reveladas do VT sem tratar. Afinal de contas, poderíamos dizer que só seria pecado somente o que Paulo tratou como pecado e não todas as reveladas no VT? Segundo o critério hermenêutico dos que advogam que o dízimo é somente para o VT teria que interpretar dessa forma os demais casos de incesto. No entanto, o VT não é sinônimo de obsoleto, mas deve ser interpretado de acordo com o NT, levando em conta que as leis morais sempre serão levadas em conta e as demais leis civis e cerimoniais foram cumpridas em Cristo. No entanto, como escrevemos acima, o dízimo veio antes da Lei cerimonial sendo um relacionamento de aliança e foi diretamente relacionado à lei do roubo.

Outro exemplo está no próprio NT acerca da cláusula excetiva de Jesus do divórcio (Mt 5.31,32; 19.8, 9). Nenhum apóstolo tratou desse assunto. Temos apenas Paulo tratando que se o marido incrédulo deixar a sua mulher crente e que ela se separasse não casasse (1Co 7.10-16). No entanto, Paulo não tocou na cláusula excetiva de Jesus sobre o divórcio. Claro que sabemos que Paulo não estava ignorando nem desfazendo o ensino do Senhor Jesus, mas complementando como uma pessoa inspirada pelo Espírito Santo. O que dizermos disso? Estaria a cláusula excetiva de Jesus somente para o tempo de Jesus, já que somente ele tratou desse assunto? Embora que em alguns grupos tenha essa interpretação, isso quebraria a unidade e o ensino de que “TODA ESCRITURA É INSPIRADA POR DEUS” ensinada por Paulo.

No caso do dízimo, apesar de que não houve um mandamento explícito chamando pelo nome no NT, os apóstolos demonstraram alguns princípios que demonstram que o dízimo é ainda para os nossos dias. Vejamos alguns textos:

a) Mateus 23.23

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!
Esta passagem precisa ser levada em conta o contexto e o objetivo que os apóstolos escreveram os Evangelhos. Todos eles tinham a intenção de ensinar doutrinariamente a igreja entre os anos 50 e 80 da nossa era, se levarmos em conta a data bem recente dos primeiros evangelhos. Os evangelistas tinham como propósito, principalmente, doutrinário e teológico para defender a fé cristã. Cada passagem dos evangelhos foi escolhida e selecionada por eles para um objetivo. Por exemplo, não foi à toa que Mateus foi o que mais falou do Sermão da Montanha, já que a ênfase dele era cristãos vindo do judaísmo e seu objetivo foi mostrar a interpretação de Jesus para com a Lei moral de Deus. João escolheu sete milagres que demonstrassem a divindade do Filho de Deus. Portanto, os evangelistas era criteriosos e escreviam com objetivo.

Este texto impressiona porque Jesus está fazendo uma contundente crítica aos fariseus proclamando vários ais que os profetas do VT proclamaram da mesma forma. No entanto, Jesus fala do dízimo colocando-os no nível de princípios morais como a justiça, a misericórdia e a fé, embora que ele deixe claro que a justiça, a misericórdia e a fé são mais importantes. Jesus, então, finaliza dizendo que deveriam fazer estas coisas, sem omitir aquelas. Mateus usou o verbo grego (αφιεμι / aphiemi) traduzido para omitir que quer dizer deixar solto, livre. Portanto, Jesus estaria dizendo em outras palavras que é necessário praticar a justiça, a misericórdia e a fé sem negligenciar o dízimo. Jesus orientou que eles buscassem tudo isso, mas também não esquecessem de observar o uso do dízimo.

Essa expressão grega nessa advertência usada por Mateus acerca do dízimo é usada da mesma forma por Paulo em 1Co 7.11 para que o marido não se apartasse de sua esposa, demonstrando, assim, que Jesus estava tratando de um mandamento. O interessante é que isso não aconteceu com o Sábado nem com os alimentos. Jesus ao ensinar sobre o Sábado e sobre os alimentos, ele já demonstrava que eles eram transitórios.

A expressão grega de Mt 23.23 “ταυτα εδει ποιησαι κακεινα μη αφιεναι” demonstra uma profunda ligação entre as partes. Isto quer dizer que tanto é necessário e importante fazer “εδει ποιησαι”, como também não se deve negligenciar ou omitir aquelas (falando do dízimo) κακεινα μη αφιεναι. Paulo usa essa mesma expressão μη αφιεναι em 1Co 7.11. Ele escreve: “και ανδρα γυναικα μη αφιεναι”. Isso demonstra que o que Jesus falou era uma advertência com relação ao dízimo e que a igreja deveria observar. Para evitar esse contundente argumento, alguns dizem até que essa última parte não tenha sido escrito por Mateus, mas por um escriba legalista (veja William Hendriksen em seu comentário de Mateus-II pág. 464). Porém, não existe nenhuma crítica textual nessa parte do verso e esse argumento demonstra um total desespero de interpretação, pois o argumento de Jesus escrito por Mateus é confirmado em Lucas 11.42.

b)    1 Coríntios 9.13,14
Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento?  Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho; 
Esse texto é um dos textos bem didáticos sobre o dízimo, pois Paulo usa exatamente o serviço dos sacerdotes no VT. Paulo afirma que os que servem ao altar tira o seu sustento do próprio altar. Paulo está falando exatamente dos levitas e sacerdotes, pois os levitas e sacerdotes eram sustentados pelos dízimos do povo (Nm 18.22-26; Dt 12.19). O contexto é que Paulo estava sendo acusado de sobrecarregar os irmãos das igrejas. Ele responde usando várias metáforas como a do soldado que não vai à guerra a suas próprias custas, daquele que come da própria vinha e que bebe do leite do rebanho que apascenta (1Co 9.7). No entanto, Paulo fala do dízimo não mais como uma metáfora, mas como um modelo do VT. Por isso que ele colocou sobre o sacerdote separado das metáforas no v.13. O mais interessante é que ele faz uma ligação da expressão de Jesus em Lc 10.7 para a sua ilustração do sustento do sacerdote, mostrando que o Senhor ordenou o sustento do obreiro através dos dízimos. Portanto, Paulo está claramente ensinando nessa passagem o uso do dízimo, pois isso era a forma que os levitas e os sacerdotes eram sustentados.

Alguém pode argumentar que todos nós somos sacerdotes reais (1Pe 2.9). Portanto, o dízimo não se aplica mais para nós. Esse argumento não se sustenta nesse texto porque Paulo deixa claro que ele está se referindo aos obreiros e aqueles que trabalham na obra de Deus. Não é porque todos somos sacerdotes reais que não se use mais nenhum aspecto do sacerdócio para falar aos obreiros. A ênfase de Paulo aqui não é O ACESSO A DEUS, que somente os sacerdotes tinham, mas o SEU SUSTENTO. Realmente, em relação ao acesso e o privilégio de chegar à presença de Deus, todos nós somos sacerdotes reais, mas no sentido de sustento, nem todos vivem somente da obra de Deus, pois Paulo ensina a Timóteo que os presbíteros que se afadigam na Palavra são dignos de dobrados honorários (1Tm 5.17,18).

É o que Simon Kistemaker explicou quando comentou sobre esta passagem:
Assim mesmo, eles deveriam entender que as provisões para os sacerdotes e levitas são as mesmas para os pregadores do Evangelho. Não a forma, mas o princípio por trás dessas providências precisa ser observado. Não deveria haver diferença nenhuma.[2] 
Em seu outro comentário de Hebreus 7.1-10 ele ainda escreve:
Na época do Antigo Testamento, o dízimo era usado para sustentar o sacerdote, o levita e as cerimônias religiosas no santuário. No NT, Jesus ensina que o trabalhador é digno de seu salário (Lc 10.7). Paulo repete essa regra, tanto indiretamente quanto diretamente quando ele escreve sobre o auxílio financeiro daqueles que proclamam o Evangelho (1Co 9.14; 1Tm 5.17,18).[4]
Embora que Kistemaker admita que no NT não haja nenhuma imposição ao dízimo explícita, ele reconhece na passagem de 1Co 9.14 que Paulo estava falando do sacerdote e do dízimo. Portanto, se Paulo estava falando do dízimo como sustento do sacerdote e usando-o como um paradigma de sustento para o obreiro, fica claro que Paulo está ensinando o princípio do dízimo.

O interessante ainda nessa passagem é a profunda relação que Paulo faz entre a passagem do VT “não amordaces o boi, quando pisa o trigo” com a expressão do Senhor Jesus “o trabalhador é digno de seu salário” (1Co 9.18). Isso demonstra que Paulo usa perfeitamente o VT como comprovação de seus argumentos do salário do obreiro e intensifica quando infere o dízimo para o sustento dos levitas e dos sacerdotes. Isso demonstra que Paulo entendeu que quando Jesus falou isso em Mt 10.10 e Lc 10.7 estava se referindo perfeitamente ao sustento do obreiro manifestado nos dízimos dos sacerdotes no VT.

c)     Hebreus 7.8
Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive. 
Essa passagem se torna uma evidência de ensino do dízimo mostrando que as igrejas pagavam o dízimo na época. A epístola aos Hebreus foi escrita depois dos anos 70, depois que Jerusalém foi destruída e a religião judaica já estava em crise por causa da diáspora dos judeus.

Pela expressão podemos perceber a total intimidade da igreja em relação ao dízimo porque para que o autor usasse o dízimo como argumento de uma relação em aliança, a igreja deveria saber ou estar usando como prática na igreja local. A familiaridade da igreja com o dízimo foi que levou o autor a enfatizá-lo no episódio de Melquisedeque, já que alguns perderam o costume de congregar e fez o autor exortá-los a não abandonarem a congregação (Hb 10.25)

Notemos que o autor afirma que os homens “recebem dízimos”. O contexto é sobre Melquisedeque que recebeu o dízimo de Abraão sendo comparado a Cristo que foi sacerdote eterno. O autor para mostrar a grandeza daquele que recebeu o dízimo em Abraão, demonstra que “os homens mortais recebem dízimos aqui”. O verbo grego λαμβανουσιν / lambanousin está no presente do indicativo mostrando uma ação constante e presente. Poderíamos até traduzir como: “e aqui, homens mortais ESTÃO RECEBENDO dízimos, mas lá aquele que testifica que vive.

A expressão grega και ‘ωδε μεν δεκατας αποθνησκοντες ανθρωποι λαμβανουσιν demonstra que a ação dos homens mortais é de profunda ênfase presente. Tanto o verbo αποθνησκοντες no particípio presente como o verbo λαμβανουσιν no presente do indicativo ativo demonstram que o autor usa o exemplo de igrejas que estavam dando o dízimo. Talvez por trazerem uma influência judaica. De qualquer forma, o autor usa como algo normal e usa o argumento em favor da aliança entre Abraão em Melquisedeque.

Essa expressão demonstra que as igrejas estavam dando o dízimo ainda naqueles dias. Podemos entender isso porque era uma igreja com profundas influências judaicas, mas o interessante é o que o autor usa o argumento e a prática dessas igrejas como comprovação do argumento da aliança entre Abraão e Melquisedeque afirmando que estavam dando dízimo. O autor em nenhum momento demonstrou a transitoriedade do dízimo, ao contrario, ele confirma como um relacionamento de aliança e que a igreja que “estava dando” o dízimo teria que entender o seu valor na revelação da aliança da graça.

Conclusão:

Diante de todo esse apanhado, precisamos analisar que o dízimo foi incentivado pelos apóstolos e pelo próprio Jesus. Se aconteceu assim, somente um motivo evitará de nós continuarmos a dar a décima parte de nosso sustento – avareza e egoísmo.

Alguns afirmam que não é obrigado ser a décima parte, mas uma oferta contínua e até regular na igreja para sustentar as coisas da igreja. Afirmam que se evitarmos falar na décima parte, as pessoas poderiam dar até mais de dez por cento. Porém, por que colocar outra porcentagem se Deus já instituiu a sua? Por acaso, queremos ser mais sábios que o próprio Deus? Quem dá uma oferta regular, dá segundo alguma porcentagem de seu sustento. Portanto, por que dar uma oferta com uma determinada porcentagem, sendo que Deus já instituiu a sua. Somente uma resposta nos vem: soberba? O homem prefere determinar a sua porcentagem porque ele fica com a glória. Se ele obedecer a Deus, a glória fica somente para Deus.

Deus não está interessado em sacrifício, mas em que se obedeça a sua Palavra (1Sm 15.22). Deus não está interessado se damos 80 ou 99% do nosso salário se isso vem com soberba em detrimento aos mandamentos de Deus. Jesus elogiou uma viúva pobre mais que os ricos que deixavam suas ofertas no gazofilácio. Isso porque ela deu de tudo que ela tinha, os demais, do que sobrava (MC 12.42-44). Portanto, Deus não está interessado em quantidade, mas em obediência.

Por isso, ele ordena aos LADRÕES: TRAZEI TODOS OS DÍZIMOS À CASA DO TESOURO (Ml 3.8-10).


[1] BROWN, Colin. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, V. I: A-D, 1984, p. 676.

[2] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: 1 Coríntios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 416.

[3] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Hebreus. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 270.

16 comentários:

  1. Caro, pastor.
    Antes de mais nada, gostaria de parabenizá-lo pelos artigos; são deveras edificantes.
    Pude perceber que o senhor discorda da exegese e da hermenêutica do pr. Ed Rene Kivitz. Gostaria de saber do senhor, quais seriam os principais equivicos doutrinários possíveis de serem apontados na interpretação e aplicação das Escrituras por parte do pastor Ed Rene?

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  2. Caro Fariseu Cristão, se você estiver falando do assunto tratado desse post, que é a respeito do dízimo, é só lê-lo que verá por que eu discordo da sua hermenêutica nesse assunto. Demonstro através dos pontos que a sua interpretação no VT com respeito ao dízimo está equivocada.

    No entanto, o Pr. Ed René Kivitz tem demonstrado erros doutrinários gravíssimos que incluem as áreas de teologia Bíblica, sistemática e exegética (pois é a base para as demais teologias, já que todas elas precisam de interpretação e exegese). Ele é adepto juntamente com o Pr. Ricardo Gondim da Teologia Relacional. Portanto, ele é alguém que deveríamos ter mais cuidado em lê-lo ou ouvi-lo.

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  3. Caro irmão, a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo!

    Um dos argumentos mais usados pelos dizimofóbicos é o relacionado ao término da lei mosaica. Creio que quando as Escrituras fazem menção ao "término da lei" ela se refere unicamente ao pacto firmado com Israel no Sinai através das leis gravadas em tábuas de pedra, e as cerimonias e festas que foram ordenadas. Não creio que o livro de Malaquias (e todos os outros do AT) entrem nessa categoria de "coisas que foram abolidas pela graça". Baseio minha argumentação nos seguintes fatos:

    1º Jesus disse que quem violar qualquer um dos mandamentos da lei mosaica será considerado "mínimo" no reino dos céus (Mt 5.18).

    2º Paulo cita textos da lei mosaica diversas vezes como algo normativo para a igreja: Rm 13.8-10; Ef 6.2; 1 Tm 5.18;etc.

    3º Paulo disse que toda a Escritura é útil para o ensino (doutrina), para a repreensão, para a correção e para a educação na justiça...(2 Tm 3.16) e, certamente ele se referia ao AT quando escreveu isso pois o NT ainda não estava pronto.

    Portanto, creio que os textos relacionados com o povo de Deus no AT são dirigidos também a nós (exceto quando se trata a promessas expecíficas para o "Israel nacional", como território, restalração nacional, etc). Israel como nação, foi temporariamente regeitado por Deus, porém, Paulo mostra em Rm 11. 1-5 que embora a nação de israel tenha regeitado a Jesus, há um remanescente que o aceitou, e as promessas estão sendo cumpridas neste remanescente que permaneceu fiel. E nós fazemos parte desse remanescente fiel (Rm 11.7). Portanto, embora os rituais, as festas e as leis de caráter civil tenham sido abolidas na cruz (Cl 2.16-17), o restante da lei e dos profetas devem ser observados por todos nós. e podemos observar a igreja neotestamentária fazendo isso o tempo todo: Tg 2.8-13; At 15.21; etc.

    Finalizo dizendo que gostei muito de sua postagem e de seu blog e decidi segui-lo apartir de hoje. Gostaria de saber sua opinião acerca do que comentei.

    Um abraço fraternal!

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  4. Gostei da sua avaliação do VT. Eu somente faria uma ressalva, talvez não ficou muito claro: A lei de Deus que foi gravada nas tábuas foi que nunca passaram. As outras leis como as cerimoniais e as civis, como o irmão escreveu, essas passaram e se cumpriram em Cristo. No entanto, elas ainda trazem um princípio da lei moral implícito, embora que a sua forma prática se tornou obsoleta em Cristo. Os textos que o irmão colocou demonstram isso, pois o sermão da Montanha diz respeito ao Decálogo.

    No mais, achei excelente sua hermenêutica do VT, muito sadia e bíblica. Parabéns!

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  5. Muito grato por sua avaliação irmão Francisco!

    A paz do Bom Mestre!

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  6. Como esperar que a igreja católica romana reconheça que os padres podem se casar se isso acarretará custos para igreja romana?
    Como esperar que os pastores reconheçam que o dízimo é vetero-testamentário se muitos não conhecem outra atividade e suas famílias dependem deste dinheiro para manter seu padrão de vida?
    É preciso muita fé para ser imparcial em tratar este assunto e acreditar que uma oferta generosa ecederá uma conta de 10%. Quando a fé for maior que um grão de mostarda, este assunto não será mais polêmico.

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  7. Silvio,

    É melhor crer nos trilhos da Palavra de Deus, como foi colocado no meu texto que na sua opinião ou na opinião de homens. Na verdade, quem troca os mandamentos e princípios da Palavra de Deus por opiniões humanas em nome de uma suposta fé é tolo. Os fariseus faziam isso com a chamada tradição dos Anciãos. Jesus desfez tudo e chamou-os às Escrituras.

    Se esse texto não o convenceu com os textos claros sobre esse assunto, sinto muito. Como sou cristão, eu creio na Bíblia.

    Não se pode comparar o celibato católico com o dízimo, pois aquele não tem base nas Escrituras, mas o dízimo sim tem muita base.

    Quero terminar duvidando dessa sua fé. Eu daria outro nome a ela - soberba humana, pois tudo que tira a glória de Deus revelada na sua Palavra vem do homem ou do diabo.

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  8. Caro Irmão, a paz de Cristo!

    À respeito desse assunto e, como vejo, o irmão parece entendê-lo com bastante clareza, gostaria de fazer algumas considerações sobre sua postagem - o que me ajudaria a esclarecer algumas dúvidas, bem como auxiliar o irmão em uma compreensão maior do assunto.

    Por conta de espaço, vou focar em sua hermenêutica de Mateus 23:23, que seria talvez um texto mais famoso do dízimo no NT. Não vou tecer comentários sobre o contexto e a situação em que se encontra o versículo, pois o irmão o conhece muito bem.

    É necessário então observar que, neste mesmo capítulo 23, Jesus declara:

    "Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com suas obras, porque dizem e não praticam" (Mt 23:2,3).

    O mandamento de Jesus aqui é muito mais enfático e claro do que a expressão "εδει ποιησαι" no verso 23. Jesus, literalmente, exorta os discípulos a praticarem o ensinamento da Torá, sem contudo agir da maneira que os falsos líderes agiam. Obviamente, o dízimo "da hortelã, do endro, e do cominho" estão incluídos na lista de coisas que os Fariseus lhes ensinavam, sem contudo, praticarem de modo correto. Porém, além do dízimo, muitas outras coisas estavam inclusas aqui também, como o Sábado e a circuncisão. Nesse caso, teríamos que obedecer todos os mandamentos ensinados pelos Fariseus em função do imperativo de Jesus no versículo 3?

    Talvez devamos isolar o versículo 23, onde Jesus teria sido mais "específico". Porém, não há nada que indique que isso deveria ser a prática da Igreja. Jesus citou esses "tipos" de dízimo, pois eram os menores (não de significado, mas de importância) mandamentos da Lei. Não me parece que Jesus estaria "instituindo" (ver Biblia de Estudo Dake, pág. 1413) o dízimo, mas apenas argumentando que, caso os escribas e fariseus quisessem de fato cumprir a Lei, praticariam a Justiça, Misericórdia e a Fé, sem contudo, omitir o dízimo.

    Outro fato importante é que o interlocutor de Jesus no texto são os Fariseus, não a Igreja - Jesus começa falando para os discípulos, mas muda drasticamente a partir do versículo 13, quando começa a criticar os fariseus. Quando ele diz "deveis porém, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas" seu interlocutor são os hipócritas fariseus, não os discípulos.

    Sendo assim, acredito que Mateus 23:23 não defenda ou sancione a doutrina do dízimo no NT. Gostaria, no entanto, de registrar que não sou contra o dízimo, desde que praticado conforme as regras do Novo Testamento - dízimos e ofertas tornam-se práticas intrínsecas, indissolúveis, porém, sem as normatizações que haviam no VT, isto é, porcentagem definida, obrigatoriedade, sazonalidade, motivação (uso específico) e penalidade por não cumprimento.

    Que Deus abençoe!

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    1. Ao Rafael Nogueira - 1

      Amado irmão, Rafael Nogueira, agradeço a sua participação no meu blog, como também a disposição de questionar e trazer considerações que, com certeza, ajudará tanto a você como àqueles que lerem esse comentário no blog.

      Realmente, você acertou. A grande questão aqui nesse texto é Hermenêutica que, de uma forma impressionante, não é levada em conta, bem como algumas regras literárias que são chaves para a interpretação. Porém, eu não o culpo. Se vários eruditos com PHD erram na interpretação não levando em conta a Hermenêutica nesse verso, quanto mais aqueles que não o têm (desculpe, mas eu não sei a sua formação).

      Portanto, pretendo demonstrar quais os seus erros de Hermenêutica em não aceitar esse texto como um princípio sobre o dízimo.

      Respondendo sua pergunta:

      “O mandamento de Jesus aqui é muito mais enfático e claro do que a expressão "εδει ποιησαι" no verso 23. Jesus, literalmente, exorta os discípulos a praticarem o ensinamento da Torá, sem contudo agir da maneira que os falsos líderes agiam. Obviamente, o dízimo "da hortelã, do endro, e do cominho" estão incluídos na lista de coisas que os Fariseus lhes ensinavam, sem contudo, praticarem de modo correto. Porém, além do dízimo, muitas outras coisas estavam inclusas aqui também, como o Sábado e a circuncisão. Nesse caso, teríamos que obedecer todos os mandamentos ensinados pelos Fariseus em função do imperativo de Jesus no versículo 3?”

      1o erro de Hermenêutica: Você precisa saber que Jesus não desprezou a Tora totalmente, pois os mandamentos morais teriam que ser cumpridos. Perceba que o Sermão da Montanha era exatamente para demonstrar isso: Jesus não veio para desfazer a Lei, mas cumpri-la e ensinar seus discípulos a cumprirem, pois os fariseus tinham interpretado errado (Mt 5.17-20).

      O que Jesus deixou claro que tinha passado na Lei eram as cerimônias, como o Sábado, circuncisão, comidas e outras leis criadas pelos escribas e fariseus.

      Perceba que Jesus está enfatizando porque os fariseus tinham abandonado a justiça, a misericórdia e a fé. Todos esses atributos vêm de leis morais do Torá.

      2o) erro de Hermenêutica: o contexto era exatamente de leis morais, pois o dízimo era considerado uma quebra de lei moral segundo Malaquias (Ml 3.8).

      Note que JAMAIS, REPITO: JAMAIS houve alguma passagem de Jesus ensinando os discípulos a guardarem uma cerimônia como o Sábado, ou guardar festas, ou a sacrificar animais. Ao contrário, vemos Jesus afirmando que as cerimônias cessariam (Jo 4.21-24), incluindo o templo, o sacerdócio e o sacrifício. Vemos Jesus afirmando que o Sábado cessaria quando leva os discípulos à seara para colher espigas, sendo que a pena no VT era a morte. Por causa disso, ele diz que ele é o Senhor do Sábado e dá, até, exemplo de Davi que o violou comendo os pães sagrados (Mt 12.1-8).

      Porém, JAMAIS Jesus fez isso com o dízimo. Ao contrário, Jesus afirma que os fariseus deveriam fazer tanto a justiça, a misericórdia e a fé como também dar o dízimo. Jesus está colocando o dízimo no mesmo patamar de leis morais. Afinal de contas, por que eleminar somente o dízimo desse mandamento, se ele o colocou juntamente com a justiça, a misericórdia e a fé?

      Jesus está, nessa passagem, especificando, dos vários mandamentos do VT, o dízimo, pois ele ainda teria que ser observado pela sua igreja e pelos discípulos. Portanto, Jesus está falando somente do Dízimo e não estava falando nem do Sábado e nem da circuncisão.

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    2. Ao Rafael Nogueira - 2

      3o) erro de Hermenêutica:

      Os apóstolos tinham uma intenção doutrinária para a igreja. Eles escreveram de tal forma que o que Jesus falou, ensinou e ordenou era para que a Igreja fizesse dentro de um escopo de interpretação de toda Escritura.

      Depois, se pensarmos da forma como você está colocando, quase nada do que Jesus falou deveríamos cumprir, pois ele falava seus ensinamentos e parábolas sempre somente aos discípulos ou aos fariseus, levando sempre em conta a Lei e os Profetas. Perceba que os seus ensinamentos sempre estão fundamentados no VT, e o Sermão da montanha é um exemplo disso, como a promessa do Espírito que seria como rios de águas vivas. No entanto, não importa para quem Jesus falou, mas se ele ratificou como mandamento, a igreja deve cumprir. Talvez não tenha algo que demonstre mais imaturidade hermenêutica que isso. Eu espero que você não seja um professor de Bíblia, pois se tem essa mentalidade de interpretação de achar que devemos praticar nos Evangelhos somente o que Jesus escreveu para a Igreja especificamente, você vai tirar boa parte dos ensinamentos de Jesus, inclusive a maioria das Parábolas.

      45 Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava; (Mt 21.45)

      4o) erro de Hermenêutica:

      Há uma regra de Hermenêutica que uma doutrina precisa ser analisada segundo a analogia das Escrituras. Paulo ensinou sobre o dízimo (veja meu vídeo sobre isso). Toda a Bíblia fundamenta o dízimo. Portanto, alguém que afirma que não há base no NT para o dízimo não acredito em seu conhecimento de Hermenêutica.

      Você afirma que não é contra o dízimo, mas depois diz que tem que ser conforme o NT. Ora, é com base no NT que se deve praticar o dízimo que implica em porcentagem (1Co 9.13-14; 16.1-2) e Paulo evoca uma lei mosaica do boi para falar do direito do obreiro de ser sustentado pelo dízimo).

      Portanto, meu irmãozinho, dê o dízimo, pois é bíblico e Jesus ordenou, sim.

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  9. A paz de Cristo irmão!

    Agradeço pela resposta, mas gostaria de comentar um pouco mais sobre suas considerações. Espero que tenha, por estes comentários, o mesmo interesse que demonstrou pelos anteriores. Realmente será de muita ajuda para mim, bem como para eventuais leitores.

    Na sua resposta, você sugeriu que eu acredito que somente aquilo que Jesus disse à Igreja especificamente deve ser praticado, ignorando o que Jesus disse aos Fariseus. Não é esse o meu pensamento.

    Quando mencionei a “troca de interlocutor” feita por Jesus, eu estava aplicando um princípio da hermenêutica, a saber, que todo texto deve ser interpretado dentro do seu contexto. Minha observação sobre o interlocutor teve a função de mostrar o que Jesus queria afirmar naquele contexto. A conclusão é que Jesus não estava “ratificando” o dízimo mosaico, mas sim criticando a postura hipócrita dos fariseus. Se eles queriam seguir a Lei – como os próprios fariseus alegavam que faziam – deveriam praticar tanto a justiça, misericórdia e fé, quanto o dízimo. Isso corrobora com o contexto geral, quando Tiago diz que “qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.” (Tg 2:10).

    O problema é quando retiramos o texto desse contexto e damos à ele uma conotação legislativa para o NT. Aliás, Jesus nem citou o dízimo em si, mas a menor porção do dízimo como os fariseus o praticavam. A intenção de Jesus era fundamentar sua conclusão de que os fariseus coavam um mosquito e engoliam um camelo (v. 24), porque obedeciam cerimonialmente as questões de menor importância, mas ignoravam as maiores leis (que eram as morais).

    Portanto, o fato não é praticar ou não o que Jesus ensinou, mas saber se de fato ele estava ensinando ou legislando sobre aquela questão. Jesus apenas cita uma prática Judaica baseada na doutrina mosaica do dízimo. Portanto, meu argumento principal sobre a questão é que não há nenhuma insinuação legislativa para a Igreja em Mateus 23:23. Jesus estava mostrando a incoerência dos líderes Judaicos.

    O irmão também mencionou que Jesus colocou o dízimo no mesmo patamar da justiça, misericórdia e da fé. Isso, no entanto, não procede como argumento porque Tiago coloca todos os mandamentos no mesmo patamar (Tg 2:11), e o próprio Jesus os tratam assim quando menciona a Lei em Mt 5:18-20. Ainda sim Jesus indica nesse texto que a justiça, misericórdia e a fé eram mais importantes que o dízimo, inclusive, eram os mais importantes de toda a Lei.

    A ideia dos escritores bíblicos terem registrado o Novo Testamento de forma doutrinária também não valida a exegese de Mt 23:23 em defesa do dízimo mosaico. Mateus também registrou uma ordem de Jesus específica para o tempo da Lei (cf. Mt 8:4) e muitas de suas práticas naquele contexto.

    Acredito que o dízimo no Novo Testamento está muito além das normas legais do Antigo Testamento. O NT mostra apenas ofertas, contribuições, não dízimos mosaicos. Paulo sequer usa a palavra grega “apodekatoo” (traduzida como “dízimo” em nossas bíblias) em 1Co 9:12-14 e 16:1,2. Ele ensina que a oferta deve ser proporcional aos nossos rendimentos, o que, de maneira nenhuma, implica em uma porcentagem fixa como havia no AT, fora as várias outras regras e tipos de dízimo que haviam naquele tempo.

    Portanto, meu entendimento basicamente é que as normas cerimoniais do dízimo foram abolidas, mas seu aspecto moral (de reconhecimento da provisão de Deus e contribuição para o sustento de sua obra) ainda permanece no NT.

    Acredito que eu tenha me expressado melhor desta vez.

    Que Deus abençoe. Fique na paz de Jesus Cristo!

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  10. Rafael,

    Você precisa entender que a interpretação que o mandamento do dízimo é uma ordenança de Jesus não está fora do seu contexto. Ao contrário, exatamente, Jesus aproveitando o legalismo dos fariseus, demonstrou que o dízimo deveria ser feito. No entanto, os fariseus deveriam praticar TAMBÉM a justiça, a misericórdia e a fé. O sentido exegética demonstra que eles NÃO deveriam deixar de fazer:

    εδει ποιησαι κακεινα μη αφιεναι

    Jesus afirma que eles deveriam fazer - Essa expressão em grego εδει ποιησαι é muito forte. Com certeza, pela expressão grega, Jesus coloca o dízimo dentro dos princípios importantes para cumprir. Eu coloco no meu texto que Paulo escreveu a mesma expressão dando mandamentos. Realmente, Jesus quer dizer que os fariseus faziam coisas mínimas, inclusive dando o dízimo. No entanto, Jesus não eliminou a importância do dízimo. Ao contrário, ele ratificou com um mandamento de uma forma clara.

    Com respeito ao texto de Mateus, o conselho de Jesus aos leprosos para irem ao sacerdote, precisa-se analisar o contexto, pois Jesus está falando de uma cerimônia de purificação para que eles pudessem viver normalmente na sociedade de Israel. Claro que isso não se aplicaria nos dias de hoje. Depois, vem a regra hermenêutica de que não há mais nenhuma passagem que fundamente essa ordenança de ir aos sacerdotes para Igreja. Totalmente diferente do dízimo que é respaldado por Paulo e os apóstolos.

    Os textos de 1Co 9.12-14, se você conhecesse o contexto bíblico e lesse um pouquinho mais iria entender que se refere ao dízimo.

    Portanto, seu problema é estudar mais Hermenêutica, pois está completamente errado.

    Veja um vídeo desse tema que eu explico melhor as passagens bíblicas:
    https://www.youtube.com/watch?v=kk_BxRWaLIQ

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  11. Irmão Mário, paz do Senhor!

    Agradeço pela resposta. Reitero que estou aprendendo sobre o assunto, meus questionamentos são de natureza didática e não refutatória.

    Eu entendi seu comentário e também sua forma de pensar com base no texto. Eu concordo que Jesus estava dizendo aos Fariseus para praticarem ambas as coisas (tanto o dízimo, quanto a justiça, misericórdia e fé), mas questiono se o fato de Jesus ordenar isso aos fariseus implica em um mandamento para a Igreja. Isso porque minha preposição é de que Jesus estava apenas mostrando como os fariseus deveriam agir para serem coerentes quanto à obediência da Lei - isso porque Jesus não está tratando do mandamento do dízimo como sendo moral, já que ele cita partículas mínimas do dízimo, características de cerimonialismo.

    Você tocou em um ponto fundamental: "O sentido exegética demonstra que eles NÃO deveriam deixar de fazer". Já vi pastores argumentando nessa linha de raciocínio, ou seja, que se Jesus quisesse "abolir" o dízimo ele teria dito para que os fariseus "omitissem" o dízimo. Esse argumento no entanto é muito ilusório no contexto. A intenção de Jesus é que os Fariseus deveriam praticar ambos os mandamentos, porém, se caso uma das partes fossem deixadas de lado (ou omitidas), eles agiriam de forma hipócrita - esse é o ponto de Tiago 2:10. Portanto, Jesus não mandou-os omitir o dízimo, porque a lei manda praticá-lo.

    Concluindo, já que meus comentários tornaram-se repetitivos e não tenho por agora mais a questionar sobre o texto, não creio que Mateus 23:23 valide ou ratifique o dízimo mosaico porque:

    (a) o "deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas" indica que os Fariseus, para cumprirem a lei corretamente, deveriam praticar ambas as partes. Jesus realmente coloca o dízimo como parte importante a ser cumprida, porém, importante para se cumprir a Lei e, nesse contexto, qualquer outro mandamento da Lei é importante para que ela seja cumprida sem hipocrisia e parcialidade;

    (b) cerca de vinte versículos antes, Jesus "ratifica" (se entendermos assim) todas as ordenanças farisaicas. Podemos aplicar isso em um contexto Cristão e, nesse caso, teríamos um problema ao compararmos Mt 23:4 com Mt 11:28-30; ou podemos entender em um contexto judaico, isto é, no cumprimento da Lei, onde Jesus delimita que, naquele contexto legisladamente mosaico, era necessário cumprir as ordenanças farisaicas, incluindo o dízimo (Mt 5:17);

    (c) Cristo ordenou ao ex-leproso que cumprisse o que determinava a Lei (Mt 8:4) e, tal como o dízimo, foi ordenado por Jesus apenas uma vez e dentro do mesmo contexto de observância da legislação mosaica. Isso não implica que tudo o que Jesus disse é restrito ao tempo da Lei, mas mostra que ele ordenou coisas com objetivos específicos, cuja obediência estava restrita àquele tempo. O dízimo mosaico, portanto, poderia estar em meio à essas coisas;

    (d) Jesus fala do dízimo mosaico como um preceito cerimonial. Ele demonstra isso quando contrasta o dízimo com "o mais importante da Lei". Obviamente, se Jesus diz que eles desprezavam "o mais importante da Lei", embora praticassem o dízimo, segue-se que o dízimo não é "o mais importante da Lei". Se entendemos "o mais importante da Lei" como leis morais, então o dízimo não é uma lei moral e, por conseguinte, não permanece como preceito legal para o povo de Deus na Nova Aliança.

    Como eu já disse, acredito que o preceito mosaico do dízimo foi abolido, restando porém, seu princípio moral da contribuição para manutenção da obra e o cuidado dos pobres. Esses aspectos estão presentes no Novo Testamento em abundância; Paulo fala sobre eles em 2Co 8,9 e 10. Portanto, quando digo que o dízimo foi abolido, quero dizer que seu modo, sua forma cerimonial, não deve ser observada, mas sim seu aspecto moral, seu princípio espiritual.

    Acredito que ficou bastante completa agora minha posição sobre Mateus 23:23 e quero agradecer a paciência do irmão.

    Que Deus abençoe e fique na paz de Cristo!

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    1. Rafael - 1

      Amado Rafael, vou tentar demonstrar com muita sinceridade, e demonstrar por que você está enganado. Vou fazer o possível de levar em conta seus argumentos. No entanto, não podemos passar por cima de regras de interpretação.

      Veja bem. “Ilusório no contexto” para você, porém, o contexto e a análise exegética dão lugar a isso, pois os fariseus estavam dando valor alguns mandamentos e deixando outros como justiça, misericórdia e fé. No entanto, Jesus colocou no mesmo nível do mandamento do dízimo, coisa que ele não fez com os demais mandamentos cerimoniais. Eles não matavam, mas desprezavam ou desprezavam outros com palavras. Jesus jamais colocaria em par de igualdade com a justiça, misericórdia e fé se o dízimo fosse para ser abolido.

      O que Tiago fala confirma o que Jesus disse, pois os fariseus faziam um mandamento e desprezavam outros. Exatamente isso que Jesus ensinou. Tiago está falando um princípio da Lei, evidenciando a Lei moral, pois ele estava falando daqueles que faziam acepção de pessoas e que estavam transgredindo o mandamento “não matarás”.

      Notemos que Jesus está comparando o dízimo com mandamentos morais como justiça, misericórdia e fé. Você falou se a Lei manda praticá-lo. Exatamente isso. A lei manda praticá-lo e Jesus autentica a sua continuação no NT.

      Vou responder pelas letras:

      a) Exatamente, por ser parte da Lei que Jesus nem o NT aboliram que devemos praticar. O dízimo veio antes mesmo da lei. Abraão e Jaco deram o dízimo, pois os profetas demonstravam que era um princípio importante. No entanto, Moisés a regulamentou e Jesus e os apóstolos ratificaram.


      b) Isso que você escreveu é um absurdo contextual. Jesus JAMAIS ratificou as ordenanças farisaicas. O capítulo todo ele critica os fariseus (23.16-24). Jesus desfaz as interpretaçòes dos escribas e fariseus no sermão do Monte quando afirma: “ouvistes o que foi dito… Eu, porem , vos digo”. Em Mc 7.7-8

      7 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. 8 Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.

      Você está confundindo o texto que Jesus está exatamente criticando os fariseus pelos fardos pesados que davam. Esses fardos eram as interpretações dos escribas no Talmude, não a sua lei, irmão. No entanto, Jesus tem um fardo, mandamentos que eram suaves e leves. Nada a ver com o texto. Os mandamentos de Deus não sào obsoletos, amigo. Os mandamentos que cessaram da lei foram somente as cerimônias que foram confirmadas pelos apóstolos. Todas os mandamentos cerimoniais foram interpretados pelos apóstolos como transitório, exceto o dízimo. Ao contrário, eles ratificaram.

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    2. Rafael - 2

      c) Eu já argumentei sobre esse texto e você não refutou meus argumentos. Primeiro sintoma que a questão não está mais no nível de ideias, mas de dogmas e pressupostos.

      Eu expliquei que há uma grande diferença entre o texto de Mt 8.4. e Mt 23.23

      1. Jesus não compara a ordenança com mandamentos morais como fez com o dízimo em Mt 23.23
      2. Jesus está ordenando Segundo o costume de Israel para que eles pudessem andar na sociedade como pessoas normais, pois os leprosos eram considerados imundos, à margem da sociedade. Totalmente diferente do mandamento do dízimo que não implica em contexto local, mas Jesus comparou a mandamentos morais como justiça, misericórdia e fé.
      3. Não há outras passagens que ensinem que devemos mostrar doenças a sacerdotes. Ao contrario, o ministerrio sacerdotal acabou. Portanto, essa comparação não é inteligente.
      4. Há outras passagens que ensinam a dádiva do dízimo no NT como já citei a você em 1Co 9; 15; Hb 7 (por analogia).

      Somente podemos deixar de fazer uma ordenança de Jesus nos Evangelhos se o contexto deixar claro que era apenas contextual e passageira E QUE não seja ratificado pelos apóstolos. No caso, o dízimo foi ratificado pelos apóstolos.

      Depois, você se engana em achar que Jesus só falou do dízimo uma só vez. Não, Jesus falou mais duas vezes sobre o dízimo (Mt 10.10; Mc 12.41-44). (Explico melhor isso em meu video no youtube).


      d) Você precisa entender que “Justiça, misericórdia e fé” não são propriamente leis, mas atributos que teriam que fazer parte da Lei moral. O que Jesus estava falando era que eles cumpriam o mandamento do dízimo e desprezavam a essência NESSES MANDAMENTOS. Em outras palavras, Jesus estava dizendo: Vocês dão o dízimo de coisas mínimas, mas desprezam o principal disso, ou seja, a essência do mandamento de dar o dízimo que é a justiça, a misericórdia e a fé.

      Na verdade, nenhum mandamento falava mais de justiça, misericórdia e fé que o dízimo, pois era para o sustento dos sacerdotes e viúvas, como também servia para firmar alianças como Melquizedeque e Abraão (Hb 7). Por isso, Jesus falou em que eles deverim fazer essas coisas e não deixar aquelas, pois abandonar a prática incluía abandonar também a misericórdia, a justiça e a fé.

      Depois, não se tem base para dizer que o mais importante da lei é a lei moral. Todas as leis são importantes. Só existem dois tipos de leis: as que se tornaram obsoletas, e para os cristãos não são mais leis. Por isso, não se enquadram mais na expressão “mais importante”, e as que são para todos os tempos que são as leis morais.

      Essa expresão “mais importante” entre as leis morais serve para enfatizar atributos dessas leis ou para enfatizar um aspecto delas. Por exemplo: os dois maiores mandamentos.

      Depois, você se contradiz quando afirma que Jesus está falando leis judaicas para os judeus, e separa as leis morais das cerimoniais. Jamais os judeus separavam isso. Essa separação incluía somente para os cristãos que não necessitam mais de leis cerimoniais.

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  12. Rafael - 3

    O que é o aspecto moral da lei se não o seu cumprimento? Não existe lei que seja abolida a sua cerimônia, mas fique o aspecto moral. Isso só na sua cabeça. Não existe isso. O dízimo inclui dádiva de 10% segundo as Escrituras. Ou damos 10% ou outra porcentagem. Prefiro a que a Bíblia afirma. Se você admite que tem o aspecto moral da Lei, então precisa existir a sua praticidade em dar das suas posses ao Senhor. Fora isso, é bobagem, pois essa dicotomia é só na sua cabeça, e, com todo respeito, essa ideia não é inteligente.

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