domingo, 6 de outubro de 2019

OS PARADIGMAS DIGITAIS, FELIPE NETO E SEUS PERIGOS: UMA ADVERTÊNCIA E ANÁLISE SOBRE A SUA ENTREVISTA NO ESTADÃO

    

       A sociedade sempre se pautou em paradigmas. Desde quando o homem passou a conviver em sociedade, ele sempre os buscou, seja para informação, seja para diversão e, mais perigoso, seja para modelos éticos.
Os primeiros a influenciar o mundo foram os gregos com seus modelos da poética, da Filosofia e da arte. Com a invenção da imprensa, obras poderosas de poetas e escritores começaram a ter profunda influência na sociedade. Logo depois, com o desenvolvimento da tecnologia, a televisão trouxe como paradigmas artistas e atores que, facilmente, posicionavam-se acerca de assuntos até fora de seu escopo epistemológico. No entanto, com o advento da tecnologia digital e das redes sociais, os paradigmas passaram a ser os chamados YouTubers ou “influenciadores digitais”. A partir daí, o perigo aumenta porque esses influenciadores trazem suas éticas e influências a adolescentes e crianças de uma forma perigosa.
Um dos youtubers que mais se destacam, nesse momento, e mais perigoso é chamado Felipe Neto. Ele tem mais de trinta e quatro milhões de inscritos em seu canal e é dono de empresas que gerenciam cinco mil canais. 
Felipe Neto tem sido alvo de muitas polêmicas e disputas com famosos a quem ele chama de “reacionários”. Ele se destacou, atualmente, com a polêmica de comprar quatorze mil livros com temas lgbt para distribuí-los na feira do livro no Rio de Janeiro.
É difícil mensurar a tamanha influência desse youtuber e dos perigos que ele representa à sociedade. Ele tem atraído jovens e crianças a seu canal com vários perigos à família brasileira, a ponto da psicóloga Marisa Lobo fazer um alerta aos pais sobre sua “péssima influência”
[https://www.opiniaocritica.com.br/noticia/638/psicologa-faz-alerta-aos-pais-sobre-o-youtuber-felipe-neto-qpessima-influenciaq].
Não é difícil perceber o quanto seu conteúdo é danoso a crianças e adolescentes. Para vermos alguns, apenas, Felipe Neto, por exemplo, faz um vídeo com sua namorada na famosa brincadeira que ele propaga “casa, mata ou trepa”. Nesse vídeo, ele fala nomes de personagens que a sua própria namorada escolheria para “casar, matar ou trepar” [https://youtu.be/vqW5ZDKB8CE]. Superficialmente, pode-se pensar que seria apenas uma brincadeira, mas para adolescentes e crianças, falar a alguém que “treparia” ou mataria traz muitas sugestões danosas, já que o sentido implica em relação sexual e agressão. Mais sério ainda, quando essa brincadeira é escrita para crianças em livros como demonstrados no site abaixo.
Em outro vídeo, Felipe Neto coloca o tema “coloquei Deus contra o diabo”. Nesse vídeo, ele joga um game em que Deus luta contra um dragão e ele fica afirmando “mata Deus, mata Deus, mata Deus”. [https://youtu.be/MOIwM1BJhSY] Alguém pode pensar que sua intenção seria apenas uma brincadeira de game, porém, como um influenciador a adolescentes e crianças, ele traz uma perspectiva de total irreverência à pessoa de Deus e à religião cristã. O próprio Felipe Neto demonstra que não simpatiza muito com o cristianismo e com a religião. Em uma entrevista ao jornal Estadão, Felipe Neto chega a afirmar que o problema do Brasil é o “movimento ultra-direita reacionário voltado para uma implementação de uma teocracia”. Em outra parte da entrevista, o repórter pergunta a ele se a “religião evangélica é uma ameaça à diversidade”. Ele afirma: 

“Se a religião se mantiver dentro do templo, da igreja, da Mesquita, da sinagoga, do terreiro, seja do que for, ela pode até representar problemas, mas ao menos estará limitada ao seu ambiente de livre manifestação religiosa. Agora, quando a religião decide se envolver com política, o resultado é sempre desastroso, porque busca o reacionarismo, a imposição e a opressão.” [https://brasil.estadao.com.br/blogs/inconsciente-coletivo/todos-os-algoritmos-levam-a-felipe-neto/]

Na minha opinião, essas declarações são gravíssimas porque ele coloca a religião como a raiz do problema da sociedade e do Brasil. Foi essa mentalidade que levou a ideologia comunista marxista a matar vários cristãos e judeus com base na famosa frase de Karl Marx, “a religião é o ópio do povo”. Foi essa mentalidade que Hitler teve para exterminar seis milhões de judeus por entender que judeus são o problema do desenvolvimento da raça ariana. Segundo a escritora Laurence Rees, no seu livro “O Holocausto: uma nova história”, ela traz uma carta de Hitler quando tinha trinta anos ao seu amigo Adolf Gemlich. Ela escreve no segundo parágrafo do primeiro capítulo de seu livro:

“Nessa carta, datada de 16 de setembro de 1919 e dirigida a um colega soldado chamado Adolf Gemlich, Hitler aponta de modo inequívoco quem ele julga responsável não só por sua difícil situação pessoal, mas pelo sofrimento de toda a nação alemã. “Existe, vivendo entre nós”, escreveu Hitler, “uma raça não alemã, estrangeira, que não se dispõe e não é capaz de abrir mão de suas características […] E que mesmo assim desfruta de todos os direitos políticos de que nós dispomos […] Tudo o que leva os homens a se esforçarem para obter coisas mais elevadas, como a religião, o socialismo ou a democracia, é para ele apenas um meio para um fim, para satisfazer sua cobiça por dinheiro e poder. Suas atividades produzem uma tuberculose racial entre as nações”.

Notemos as semelhanças com as palavras de Felipe Neto quando ele fala das religiões e de evangélicos. A diferença é apenas que Felipe Neto falou mais suave em relação a Hitler. No lugar de “tuberculose racial entre as nações”, ele a qualifica como “problemática e desastrosa”. Na verdade, Felipe Neto desconhece que as melhores universidades do mundo foram fundadas por religiosos que se intrometeram na política, que os países mais desenvolvidos como USA, Alemanha, Suíça e Reino Unido foram fundados por religiosos que se intrometeram na política. Claro que não se esperaria um analfabeto saber isso, mas, no mínimo deveria ter pesquisado, já que ele é apenas um estudante de internet.
Em um outro vídeo com o título “Felipe Neto vazou na net”, ele começa advertindo que é para maiores de treze anos e fala de seu “pinto” com maior naturalidade por causa de algumas fotos vazadas na internet. Nesse vídeo, ele fala de seu órgão sexual diante de risos e comentários de membros adolescentes de seu canal afirmando que “gostaram de ver” e de outros admirados das fotos vazadas na internet [https://youtu.be/TKmz8n_mUTc].
Independente de saber e entrar no detalhe de como essas fotos vazaram de alguém tão familiarizado com as redes sociais, está claro que esse vídeo está sendo visto por milhares de adolescentes e crianças que são facilmente familiarizadas com conteúdo impróprio e levadas à curiosidade sexual de seu “influenciador”. Rogério Betin, em seu canal traz uma descrição de como há vários vídeos de Felipe Neto bloqueados quando ele ativa o modo restrito. Ele é um dos que demonstram os perigos desse influenciador às famílias brasileiras. [https://youtu.be/8igM5JumnHc].
Segundo Felipe Neto, aqueles que aplaudiram o discurso de Bolsonaro na ONU e os 58 milhões que votaram em Bolsonaro vem de sintoma de “falta de educação e de uma mente intelectual tão mal formada que se torna presa fácil para o reacionarismo as teorias da conspiração”. Na verdade, Felipe Neto tenta se blindar diante de entrevistas e diante de seus membros analfabetos e incautos que todos aqueles que o criticam são “reacionários, ignorantes e homofóbicos”. Portanto, ele se esconde diante da defesa do movimento LGBT para buscar apoio de suas ideias e objetivos. 
Felipe Neto não tem nenhum estudo de graduação ou pós-graduação. Critica sempre Olavo de Carvalho por não ter formação nenhuma, mas ele mesmo é completamente analfabeto em compreensão, estudo e formação. Analfabetismo implica não somente deixar de ler palavras, mas deixar de perceber contradições e incoerências em discurso, o que se chama na educação, segundo Magda Soares, de “Letramento”. Felipe Neto é analfabeto por não compreender que ele mesmo está dentro de suas acusações a religiosos e extrema-direitistas chamando-os de reacionários. Ele não percebe que ele está sendo completamente reacionário, cheio de preconceito a religiosos e completamente injusto ao generalizar aqueles que votaram em Bolsonaro. Ele chega a afirmar nessa entrevista que ele não tem amigos bolsonaristas porque “ele costuma se cercar por pessoas racionais”. Ele chama o presidente Bolsonaro de “desse indivíduo” demonstrando um certo nojo e gloria-se de não ter qualquer pessoa a seu redor que seja seu fã. 
Independente da opção ideológica e independente se alguém concorda com o presidente Bolsonaro ou goste dele, precisa-se perceber a sua total contradição em criticar o reacionarismo de extrema-direita fazendo da mesma forma com desprezo ao presidente, às pessoas e à religião. 
Mais grave ainda é a mídia trazer uma entrevista com perguntas tão capciosas e com o tema tão sugestivo de que ele tenha razão, pois o tema é “Todos os algoritmos levam a Felipe Neto”. O Estadão coloca na boca de uma pessoa completamente despreparada, incauta, analfabeta, sem base moral, completamente desautorizada por alguns psicólogos e educadores para insinuar que ele tem razão. Alguém que tem, apenas, como currículo bobagens em um canal de youtube e que tem como feito social apenas uma compra de 14 mil livros lgbt para distribuição. Realmente, a nossa mídia está na UTI. Não somente a mídia, mas os paradigmas dessa mídia, uma mídia segundo Felipe Neto.