terça-feira, 14 de dezembro de 2010

É ERRADO FALAR A PALAVRA SHEKINAH? UMA ANÁLISE DA PALAVRA E O SEU USO SEGUNDO AS ESCRITURAS







Durante os últimos anos, vários problemas doutrinários têm aparecido diante dos ministérios que têm como bandeira o louvor. Além de vários tipos esdrúxulos de unção como a do leão, por exemplo, letras trazendo um relacionamento pessoal erótico para com Deus (veja meu texto sobre isso); cantar virado para a parede etc.

No entanto, esses problemas doutrinários trouxeram extremos do outro lado também. Por exemplo: há aqueles que dizem que não se deve usar a palavra Shekinah na igreja e alguns até afirmam que nem devemos pronunciá-la. O mais interessante é que isso vem com um aspecto de erudição, pois a palavra shekinah é uma transliteração da língua hebraica. Porém, entendemos aqueles que fazem isso. Existem tantos desvios e chavões no meio da igreja sem base nas Escrituras que muitos jogam a água, a banheira e o menino fora.

Muitas pessoas não entendem o que significa algo que tenha base bíblica. Não é porque uma palavra não exista no vernáculo ou nas línguas originais da Bíblia que temos autorização de dizer que não é bíblica. Por exemplo: não existe em nenhuma passagem da Bíblia, seja no vernáculo ou nas línguas originais, a palavra Trindade ou Triunidade. No entanto, não podemos dizer, jamais, que o que representa essa palavra não tenha base nas Escrituras. Da mesma forma a palavra Shekinah, não é porque ela não esteja em nenhuma passagem das Escrituras ou das línguas originais que não seja bíblico o que ela representa.

A razão de escrever esse texto é o perigo de alguém eliminar o que essa palavra significa juntamente com ela e o que o NT interpreta acerca do seu significado. O perigo se dá exatamente porque aqueles que afirmam que é errado trazem uma autoridade de erudição trazendo até um certo receio de alguns questionarem. Erudição, ao meu ver, que erra em coisas básicas de interpretação e percepção do que a Escritura afirma.

Pretendo, portanto, refletir sobre o seu significado e sua relação para com as Escrituras e a sua interpretação pelos apóstolos no NT.

1.     O que significa a palavra Shekina

A palavra shekinah aparece primeiramente na literatura judaica chamada Midrashica Tanchuma B que afirmava o seguinte:

Deus disse: Neste mundo, pelo intermédio de justos israelitas, indivíduos chegam a ser prosélitos. Mas no mundo vindouro aduzirei os justos de todos os povos, pondo-os embaixo das asas da Shekinah [Midrashica Tanchuma B parágrafo 38 – Wayyera]

Conforme alguns rabinos, esse termo veio antes mesmo do Cristianismo. Para se entender como os rabinos chegaram a essa palavra precisamos saber que o seu conceito veio, inicialmente de Is 57.15

Isaías 57:15  15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.

A junção do verbo hebraico no particípio qal שכן (shakan) que foi traduzido na RA “que habita” juntamente com o substantivo עד (’ad) “eterno, eternidade” fazem a pronúncia de duas palavras formando um composto עד שכן (shakan ’ad).

Mediante a expressão composta “que habita a eternidade” que dá a expressão shakanad, os rabinos formaram um neologismo dessa junção com a mudanca apenas das vogais e formaram um substantivo שכינה (shekinah) que significava a manifestação de Yahweh vindo morar com o seu povo – ou seja – “a sua presença”. Isso se tornava fácil porque antes de Cristo e durante o primeiro século as vogais das palavras hebraicas eram apenas memorizadas. Elas foram acrescentadas no texto hebraico somente com os massoretas, muito depois. Depois disso, a palavra שכינה (shekinah) passou a ter como significado a glória que acompanhava o povo de Yahweh. Pode-se perceber isso em textos rabínicos como por exemplo a homilia rabínica a Zc 2.14

“Jubila e folga, filha de Sião; pois vê: venho e habito no teu meio!” está sendo dito que o Eterno “traz de cima a sua Shekinah e a faz pousar na terra”. No contexto desse pronunciamento, declara-se na mesma homilia que o Espírito Santo e a magnificência (Kabod) de Deus está sendo expressa pela Shekinah: “A presença de Deus em Israel quer confirmar Israel perante todo o mundo.” Deus quer estar no meio de Israel, “para publicar o louvor de Israel a todos os habitantes do mundo, que o Santo, bendito seja Ele, faça descer a sua Shekinah das alturas do céu para eles e a deixe pousar na terra”. Por toda a parte, onde a Shekinah se move para baixo ao repouso divino na terra, pousa também o Espírito Santo.
 [Peter Schäfer, Die Vorstellung vom Heiligen Geist in der rabbinischen [noção do Espírito Santo na literatura rabínica], Munique 1972, 92ss.; Arnold Goldberg, Ich komme und wohne in deiner Mitte [Virei e vou morar no teu meio]. Uma homilia rabínica a Zc 2,14 (PesR 35), FSJ 3, Francoforte sobre o Meno 1977, 23-28.55.

Conforme os estudiosos Josef Dan e Frank Talmage, foi o rabino Saadja Gaon que substituiu o conceito Shekinah por Kabod diretamente, embora que o conceito de kabod estava já implícito na shekinah [Josef Dan/Frank Talmage (ed.), Studies in Jewish Mysticism, Cambridge Mass. 1982, 96].

Conforme o TargumYerushalmi existe um comentário sobre Ex 13.21,22 que afirma: “A magnificência da Shekinah ia diante do povo, para escurecer o caminho aos perseguidores”.

Portanto, o conceito rabínico de Shekinah vem da própria Bíblia. Apesar de que a palavra foi criada por judeus e rabinos para falar da “presença e glória de Yahweh” não significa que esse conceito não seja bíblico. Quando se afirma que a Shekinah não é bíblica, está-se dizendo, em outras palavras, que não existe base nas Escrituras para a Glória e manifestação de Deus no meio de seu povo.

Se alguém advoga que essa palavra está mal empregada, coloca-se acima daqueles que são nativos da língua – e não tem nada mais insensato do que isso, pois se judeus que falam o hebraico em sua língua nativa fizeram um neologismo com a palavra שכן (shakan) para שכינה (shekinah) que significa a presença de Deus e relacionaram-na diretamente à presença de Deus em glória na saída do Egito, seria um estudante de hebraico de nossos dias que vai dizer que isso está errado?! Não tem nada mais cômico que isso.

Claro, não precisa ser muito exigente para entender que, segundo a Bíblia, onde Deus estava presente, a sua glória era manifestada. Apesar de que a palavra Shekinah não signifique glória, pois é outra palavra hebraica כבוד (kabod). No entanto, na palavra shekinah havia implícita a manifestação da glória, até mesmo no verbo hebraico שכן (shakan) tem uma relação direta à glória de Deus.

Na verdade, existem textos no VT que os autores usaram o verbo שכן (shakan) que estão relacionados diretamente à presença de Yahweh e à sua glória, embora que não tenham escritas as palavras “presença”, “glória” e “shekinah”. Vejamos:

Êxodo 40:35  5 Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o tabernáculo.
O verbo usado para “permanecer sobre” é שכן (shakan). Está mais que claro que a nuvem é a manifestação da glória do Senhor.

Números 24:2  2 Levantando Balaão os olhos e vendo Israel acampado segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus.

Nessa passagem, a relação com o Espírito de Deus com o verbo hebraico שכן (shakan) é evidente. O texto afirma que veio sobre Balaão o Espírito de Deus.

Números 35:34  34 Não contaminareis, pois, a terra na qual vós habitais, no meio da qual eu habito; pois eu, o SENHOR, habito no meio dos filhos de Israel.
Neste caso, o Senhor habita no meio dos filhos de Israel trazendo a sua glória e graça diante do seu povo.

Portanto, se alguém afirma que está errado dizer shekinah, dentro do conceito rabínico de presença e glória de Deus, está falando a mesma coisa para os significados que ela leva – a glória e a presença de Yahweh no mei de seu povo.

2.     A Shekinah segundo o NT

Precisamos, agora, aplicar a Shekinah de Deus manifestada no meio do seu povo com a interpretação dos apóstolos e com a revelação de Deus no NT.

Primeiro precisamos lembrar que o Senhor já prometia habitar e passear no meio do seu povo no VT:

Levítico 26:11-12   11 Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos aborrecerá.  12 Andarei entre vós e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo.

Jeremias 32:37-40  37 Eis que eu os congregarei de todas as terras, para onde os lancei na minha ira, no meu furor e na minha grande indignação; tornarei a trazê-los a este lugar e farei que nele habitem seguramente.  38 Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.  39 Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos.  40 Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.
Ezequiel 37:27  7 O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

Paulo confirma esses textos quando escreve aos coríntios da habitação de Deus no meio de sua igreja:

2 Coríntios 6:16  16 Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

Na verdade, Deus não só habita dentro dos corações, mas no MEIO de sua igreja. Paulo confirma isso falando de novo aos coríntios:

1 Coríntios 3:16  16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

Nessa passagem, Paulo fala da habitação do Espírito de Deus entre o seu povo, pois o contexto fala da igreja no geral. Tanto que no verso posterior, Paulo fala que aquele que destrói o santuário de Deus é digno de juízo (v.17). Paulo está tratando das várias divisões que estava havendo na igreja de corinto. Diferente do texto de 1Co 6.19 que Paulo está falando do corpo de cada crente e de santificação na área sexual.

Na verdade, Paulo não só confirma o VT, mas as palavras de Jesus que ensinou isso ao falar de sua igreja:

Mateus 18:20  20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.

Portanto, quando alguém ensina que Deus habita apenas nos nossos corações, está caindo em erro grave de interpretação.

3.     A shekinah é a presença do seu Espírito Santo

Conforme o VT, nos últimos dias Deus derramaria o Espírito Santo em toda carne e através deste Espírito um exército se levantaria de um vale de ossos secos (Jl 2.28-30; Ez 37). Deus ainda falou através dos profetas que daria o seu Espírito e seu povo habitaria juntamente com ele, aprendendo as suas Palavras (Ez 36.26-33).

Em Atos, isso demonstra que se cumpre, pois tantos judeus, gentios recebem o Espírito Santo, pois Pedro entendeu isso como cumprimento:

Atos 2:39  39 Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.

Aquele Espírito prometido estava sendo derramado a todos de todas as nações que se achegassem a Deus e o buscassem. A glória de Deus não mais enchia um lugar físico (1Rs 8.11), mas agora enchia pessoas e essa glória era a presença do Espírito Santo (At 2.4; 4.31).

No entanto, apesar de que Deus agora enche os nossos corpos, pois somos o seu santuário, a Igreja (a reunião dos crentes) não deixou de ser o lugar da presença e da glória de Deus – o seu santuário, como os textos supra citados indicaram. Podemos perceber isso ainda nos ensinos de Paulo:

1 Coríntios 10:16  16 Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?

Paulo demonstra que ao comungarmos na Ceia do Senhor estamos participando da comunhão de Cristo e isso se dá pela sua presença no meio de sua Igreja, pois a sua glória também está na pessoa de seu Espírito. Por isso que Paulo fala no v.21 que não podemos participar da mesa do Senhor e ao mesmo tempo da mesa dos demônios. Ora Paulo está usando uma figura de linguagem chamada “metonímia” que se refere ao Senhor e aos demônios. Em outras palavras, Paulo está exortando que a Igreja não tenha comunhão com os demônios em suas liturgias e festas, mas com o Senhor na Ceia.

Em outra passagem, Paulo afirma que a manifestação do dom de profecia pode manifestar a presença de Deus demonstrando que ele está no meio de sua igreja:

1 Coríntios 14:24-25   24 Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado;  25 tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhando que Deus está, de fato, no meio de vós.

Paulo ensina aqui que a presença de Deus no meio da igreja é uma realidade. No contexto dos dons espirituais (1Co 12.11), essa presença vem pelo Espírito de Deus.

Portanto, a Shekinah de Deus no NT é a presença do Espírito Santo nos nossos corações e no meio da sua igreja consolando, operando através dos dons e falando através da sua Palavra.

Sabendo disso, jamais poderia ser errado pedir para que Deus derrame sua Shekinah sobre nós, pois a Shekinah de Deus é a presença do seu Espírito no meio de sua igreja.

Isso seria semelhante um nordestino inventasse um termo para dizer que a glória e a presença de Deus fosse “Arretado”. Se ele dissesse: “Senhor, derrama o teu Arretado sobre nós”, estaria errando só por que não está na Bíblia a palavra “arretado”? Embora a palavra “arretado” não esteja na Bíblia, o que ela significa está. Da mesma forma, os judeus inventaram uma palavra para a glória de Yhaweh e a chamaram de Shekinah, quem será apto para dizer que está errado?

Portanto, termino orando: Senhor, derrama tua Shekinah sobre nossas vidas, sobre o Brasil e sobre tua igreja.



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

POR QUE EU VOTO NO SERRA



Como nunca, a ética evangélica brasileira tem sido tão exposta como nesse ano de eleição. Na verdade, pudemos ver que o evangelicalismo brasileiro está mais decadente do que se pensa e que o número de crentes, que muitos se gloriam que o Brasil têm, demonstra apenas um inchaço sem nenhum conteúdo e essência do verdadeiro Evangelho.

As eleições do Brasil nesse ano teve uma conotação mais ética que política, pois várias questões estavam em debate como o casamento civil homossexual, o aborto, a PL 122/06 e o chamado PNDH-3 dado pelo presidente Lula.

O que se pode notar é que a maioria do seguimento evangélico não tem como meta principal os princípios de Deus, mas age com o mesmo corporativismo, barganha e busca de poder que os demais fazem na política.

Muitos alegavam em seus discursos que deveríamos votar na Marina Silva, em deputados e senadores evangélicos para que não se aprovassem leis que contrariam diretamente as Escrituras como o casamento gay, aborto e proibição de palmadas pelos pais como no decreto do presidente Lula. No entanto, quando Marina Silva afirmou que iria levar o aborto a plebiscito, muitos evangélicos continuaram dizendo que iriam votar nela e nem ao menos levantaram a voz demonstrando a incoerência e o perigo de levar uma questão que diz respeito à vida a plebiscito. Demonstrando, com isso, um total corporativismo e abandono do princípio da preservação da vida desde o ventre revelado nas Escrituras.

Veio o segundo turno das eleições diante de um Brasil atolado em mais alto grau de corrupção estampado nas revistas nacionais e internacionais. A candidata do PT envolvida em dossiês, em corrupção e em um passado nefasto vindo de um governo com um histórico onde jamais se teve tanta corrupção e CPI’s em todos os governos que passaram no Brasil. Na tentativa de defender essa situação, os seus líderes afirmam que foi porque houve mais transparência que os demais. O problema com essa afirmativa é que só exoneravam quando a opinião pública e a imprensa faziam pressão, a corrupção inclui setores de dentro do próprio governo como ministros e até respingava no presidente e o pior disso é que todas essas CPI’s foram negadas em tentativas ferrenhas de evitá-las pelo próprio partido. Um governo que o ministério público afirmou que o seu principal ministro, José Dirceu, era chefe de quadrilha, colocando o próprio presidente Lula em evidência, embora que ele afirme que não sabia de nenhuma dessas transações feitas a metros de seu gabinete.

De uma hora para outra, a Dilma afirma o contrário do que dizia sobre o aborto, que o partido preconiza e defende tanto, pois foi o próprio PT que exonerou dois de seus membros exatamente por ser contra essa questão. Não obstante a tudo isso, um grupo de pastores políticos são chamados por Dilma e eles demonstram somente preocupação por algumas questões, esquecendo do principal mal do Brasil – a corrupção. Promessas foram feitas, mesmo que a PNDH-3 em quase nada foi alterada e o ideal do partido ainda continua sendo o aborto e a união civil homossexual. O que me impressiona é que nenhum pastor se pronunciou contra a tamanha corrupção desse governo. Pelo menos oficialmente não foi feito.

Por outro lado, o candidato Serra afirmou que é a favor da união civil homossexual, mesmo se declarando contra o aborto desde o início. Não obstante a tudo isso, sabemos que o Serra não é exemplo de ética, pois existe até o boato que sua esposa fez um aborto com a sua permissão. No entanto, se estamos diante de escolhas que visem os princípios do Reino de Deus incluindo ética em todas as esferas: combate à corrupção, ao aborto e ao  casamento civil homossexual, precisamos saber como escolher o nosso próximo presidente. Desses três assuntos éticos, o Serra se sai melhor. A Dilma está envolvida com corrupção diretamente como no caso dos Dossiês e tráfico de influência na Casa Civil, fez parte de um dos governos mais corruptos da história, tem um passado duvidoso, o aborto e o casamento homossexual são mais fáceis de serem aceitos no governo do PT devido às leis como a PL122 e o PNDH-3 feitas por parlamentares do PT e pelo próprio presidente. Mesmo o Serra aceitando apenas um dos temas citados, como o casamento civil homossexual, ainda resta a segurança do aborto e a tamanha corrupção instalada nesse governo e pelos seus líderes que não podemos esquecer.

Portanto, por causa disso, eu voto no Serra estando alerta para desqualificá-lo, caso seu governo seja igual ou pior que o do PT no que diz respeito à corrupção ou outros fatores éticos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

DECEPCIONEI-ME COM MARINA SILVA











A decepção é uma expectativa frustrada, é aquilo que acreditamos de todo coração sendo derrubado pelas evidências do que não gostaríamos. O interessante que jamais nos decepcionamos com quem é ruim. Por exemplo, no que diz respeito à política, jamais me decepcionaria com a corrupção no governo Lula. Com a Dilma, então, jamais! Exatamente por ver o seu passado e seu envolvimento com corrupção, dossiês e outras coisas “ptistas”. No entanto, a Marina Silva exatamente por ser uma mulher íntegra, honesta, cristã e uma mulher excelente é que eu me decepcionei.

A razão da minha decepção é exatamente porque, em toda a história, pessoas morreram por um ideal ético, ou seja, não abriram mão do que queriam. Preferiram morrer a entregar-se aos que contrariavam esses ideais. Por exemplo: Abraão Lincoln defendeu com unhas e dentes a abolição da escravatura nos Estados Unidos. Ele introduziu medidas que levaram à abolição da escravidão, promulgando a Proclamação de Emancipação em 1863 e promovendo a aprovação da décima terceira emenda à constituição dos Estados Unidos. Por causa disso, foi brutalmente assassinado. Martin Luther King defendeu com toda garra o fim do racismo. A famosa frase “I have a dream” (eu tenho um sonho) que era exatamente o dia em que negros e brancos poderiam conviver juntos sem restrições raciais foi a sua bandeira. Por causa disso, ele foi assassinado também. Outro nome é Gandhi. Ele lutou até o fim pela independência de seu povo buscando paz baseada na liberdade, igualdade de todas as raças e nações sem violência. Também foi assassinado. No Brasil, temos o Betinho que morreu defendendo a bandeira da erradicação da fome. Viajou o Brasil inteiro dando palestras e fazendo campanhas, ongs com esse objetivo.

Nesses anos, no Brasil, existe o risco do aborto ser aprovado. Ou seja, o risco de uma criancinha indefesa ser estraçalhada no ventre de sua mãe de uma forma mais brutal que existe. No entanto, Marina Silva afirma que colocaria para um plebiscito as questões do aborto e da liberação da maconha. Ora, como lidar com questões tão sérias que envolvem a vida de milhões de crianças à mercê de uma votação? Vejo isso como Pilatos. Ele não queria se envolver, era contra a morte de Jesus, pois ele mesmo afirmou que Jesus era inocente, mas lavou as mãos porque queria o apoio do povo e de César ao mesmo tempo. Na verdade, Marina Silva está fazendo isso: lavando as mãos diante de muitas vidas que poderiam morrer. Além do mais, caso ela ganhe e aconteça esse plebiscito, e a liberação do aborto ganhe, pois existem muitas pessoas que são a favor do aborto no Brasil, ela será lembrada para sempre como a primeira presidente mulher e a primeira pessoa a ser responsável pela oficialização do aborto no Brasil. Que testemunho para alguém que crê na Bíblia!

Eu esperava mais de Marina Silva nessa área assim como Abraão Lincoln e Martin Luther King que não negociaram seus ideais, porque eles entenderam que eram excelentes e envolviam assuntos de vidas humanas: escravidão e racismo. No entanto, Marina Silva defende com muito vigor a sustentabilidade do nosso planeta, do Brasil e não abre mão do desmatamento. Acredito até que se dependesse dela um plebiscito para se desmatar a Amazônia, ela nunca aprovaria. Porém, para com a vida de pessoas Marina Silva coloca para um plebiscito. Será que a vida humana se tornou menos importante do que uma árvore?

Termino com um questionamento. Faço-o com toda a sinceridade do meu coração, porque vemos o exterior das pessoas e não as motivações e o interior delas. O meu questionamento é: Uma pessoa que não defende com todo vigor as vidas de criancinhas e deixa-as à mercê de um plebiscito com o risco até de ser aprovado no Brasil poderia mudar a situação ética que está instalada em Brasília com o PT? Quero ainda terminar com a famosa frase do próprio Martin Luther King: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”. Fica meu questionamento e pesar.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UMA RESENHA DOS FILMES NOSSO LAR E CHICO XAVIER: UMA REFUTAÇÃO À DOUTRINA ESPÍRITA








Nesses últimos dias, a doutrina espírita tem sido divulgada em larga escala pela mídia em geral através de novelas e filmes. As empresas Globo têm sido o seu principal propagador. Os filmes Chico Xavier e Nosso Lar, produzidos pela Globo Filmes e a novela das 18h “Escrito nas Estrelas” têm divulgado as doutrinas espíritas de uma forma bem contundente. Por isso, mais de 2 milhões de pessoas têm assistido ao filme Nosso Lar e Chico Xavier nos cinemas. No entanto, muitos questionamentos têm surgido acerca dessas doutrinas ou ideologias preconizadas através deles

O objetivo desse texto é fazer uma pequena resenha dos filmes ou uma análise dos temas que eles tentam passar para o seu público. Responder o que afirma a Bíblia e demonstrar que a doutrina espírita não tem origem na revelação judaico-cristã, mas em religiões pagãs e até ocultas. Não tenho a intenção de aprofundar-me em toda a doutrina espírita, mas somente nos temas dos filmes sendo a base de toda a cosmovisão dessa doutrina.


Uma análise do filme Nosso Lar


O filme é uma superprodução das empresas Globo Filmes trazendo atores veteranos como Othon Bastos, Paulo Goulart, embora que o ator principal Renato Prieto que faz o papel de um médico chamado André Luiz foi um pouco a desejar; mas, no geral, todos os atores são de primeira linha da Globo.

O filme tem o seu enredo na morte de um médico chamado André Luiz que se depara com a realidade pós-morte juntamente com outras pessoas. Todas elas estavam sujas e feridas no chão. Um grupo de homens semelhante a para-médico vem com uma maca e resgata André Luiz, levando-o a uma cidade construída em séculos recentes chamada Nosso Lar.

O que impressiona é que apesar de ser uma experiência pós-morte, tem-se mais consequências físicas que espirituais, demonstrando profundas incoerências de lógica e bom senso. Primeiro, não se explica por que eles resgatam uns e outros não. No filme, se dá a entender que os que não foram à cidade é porque não querem. Ora, como eles não querem ser tratados e irem a um lugar melhor, já que estavam com fome (sim, fome) e cheios de sujeira? Demonstra uma incoerência muito grande já que segundo a doutrina espírita, os espíritos voltam para completar uma obra não terminada para o seu próprio aperfeiçoamento. No entanto, existem outras contradições, já que estavam tratando de vida pós-morte.

O filme demonstra que os mortos nesse lugar sentiam fome e comiam, sentiam dores e eram tratados como pacientes que tinham problemas físicos. Aqueles que iam à cidade eram assistidos em uma enfermaria de hospital semelhante ao SUS, onde outros pacientes do lado podiam até incomodar. Havia as enfermeiras, uma classe inferior, uma espécie de proletárias do local e os assistentes sociais que explicavam aos poucos o que estava acontecendo com ele.

Os pacientes tinham pioras a ponto de chegar uma hora que tinham que pedir reforço porque a ala da emergência não aguentava tantas pessoas feridas chegando (sim, ala da emergência). Como aceitar essa história se a pessoa está morta e não tem mais o corpo? Que padrão estranho colocar um doente num formato de hospital brasileiro como uma enfermaria que se pode até ser incomodado por outros doentes ao lado? Só na cabeça de uma pessoa ou de um espírito e esse bem brasileiro.

Também havia diferenças e privilégios para alguns. A mãe do médico pode encontrá-lo no gabinete do governador. Sim, a cidade tinha governador e operários. A cidade era uma amostra do Brasil, pois dá uma impaciência de ver tamanha burocracia para o médico falar e ver seus parentes vivos. Foi necessário falar com várias pessoas e fazer várias coisas para que acontecesse isso. A ponto dele ter que falar com esse governador somente por influência de sua mãe que tinha entrado em contato com o governador para que ele fosse atendido (engraçado que é uma amostra do que acontece com os vivos e não com os mortos).

Algo que impressiona é que na cidade não havia lugar de adoração e não se falava no nome de Jesus Cristo e nem de Deus.

Outra coisa que impressiona é que na apresentação da cidade a André Luiz, símbolos ocultistas eram vistos. Por exemplo, a cidade estava dentro de um pentagrama em um círculo que é o símbolo do satanismo e da religião Wicca (uma religião que enfatiza alquimia e bruxaria). Outros símbolos de religiões pagãs como o da Rosa Cruz e religiões ocultas indianas eram claramente vistas no escritório do governador.

O sistema de compensação era o centro de todo o enredo e a sua mensagem central era a doutrina da reencarnação. Por isso, dedicar-me-ei mais nesse tema.

É importante que falemos o que a Bíblia ensina sobre a doutrina da reencarnação porque ela é a única regra de fé e prática do cristão. Depois, o próprio espiritismo se baseia na Bíblia, principalmente no NT. O Evangelho segundo o Espiritismo cita vários textos da Bíblia para fundamentar sua doutrina. Portanto, estou à vontade para questionar algumas coisas segundo a própria Bíblia.

Primeiramente precisamos deixar claro que a doutrina da reencarnação não tem base na doutrina bíblica da revelação judaico-cristã, embora que eles citem e afirmem o contrário. Para demonstrarmos isso vamos a um texto de Hebreus que ensina isso de uma forma muito clara:

Hebreus 9:22-28  22 Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.  23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.  24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;  25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.  26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.  27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,  28 assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.

O autor aos Hebreus afirma que sem derramamento de sangue não há perdão ou remissão de pecados, ou seja, a reencarnação não poderia fazer nada porque a pessoa vai sempre pecar e necessitar de uma redenção ou de um sacrifício com sangue de uma pessoa inocente, que é o de Cristo.

Para entendermos isso, precisamos saber que a Bíblia desde Gênesis afirma sobre a nossa pecaminosidade:

Gênesis 6:5  5 Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração;
Salmos 14:2-3  2 Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus.  3 Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.  
Romanos 3:10-13  10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer,  11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus;  12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.  13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios,
Romanos 3:19-20  19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus,  20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.

Todos transgridem a Lei de Deus por isso todos estão mortos em delitos e pecados. Por isso, desde o VT é demonstrado a forma de Deus aceitar o homem perante ele e de purificá-lo que é através da substituição com morte de um animal inocente no lugar. Isso foi demonstrado desde a páscoa para que o povo saísse do cativeiro de Faraó (Ex 12.23). Depois, Deus exige que se faça isso para que o povo e o sacerdote fossem aceitos diante de sua presença (Ex 29; Lv 1.3ss).

O autor aos Hebreus ensina isso:

Hebreus 9:23-26  23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.  24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;  25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.  26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.

O autor aos Hebreus e o NT ensina que Deus somente aceita o homem quando um substituto inocente estivesse no lugar. O texto afirma que Cristo foi o sumo-sacerdote e o próprio sacrifício que poderia purificar o pecador. Todo o sistema de holocaustos e sacrifícios levavam para Cristo que foi considerado o Cordeiro de Deus e Cordeiro Pascal (Jo 1.36; 1Co 5.7; Ap 5.6). Isto quer dizer que o sacrifício de Jesus Cristo é o que Deus exige para que o homem seja aceito diante dele:

Romanos 3:23-25  23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,  24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus,  25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;

Portanto, a doutrina da reencarnação não se enquadra nesse escopo bíblico, pois exige que a pessoa volte para completar em obras do que não conseguiu em sua vida passada, já que a salvação seria por puro mérito de boas obras.

No entanto, as obras que fazemos estão contaminadas pelo nosso coração e a motivação fora do plano de Deus que é servir por servir sem olhar absolutamente a nenhuma compensação, se não a glória de Deus. Mesmo que uma pessoa voltasse seria uma volta à transgressão porque volta a cometer pecados e precisará que eles sejam expiados independente de suas obras. Isso não pode acontecer através da reencarnação porque se torna um círculo vicioso.

Por isso os versos:

Hebreus 9:26-28  26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.  27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,  28 assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.

O autor explica que Cristo não entrou no santuário humano, mas apresentou a si mesmo como sacrifício a Deus uma vez por todas assim como o homem só morre uma vez por todas. Ou seja, Cristo é o único sacerdote e o único meio de termos salvação, purificação porque o homem só morre uma vez por todas.

Como não bastasse essa dificuldade acerca da mensagem central da Bíblia que é a expiação de Cristo pelos pecadores que só podem ser purificados através de seu sacrifício, a reencarnação contraria princípios claros da Bíblia acerca da morte e da situação pós-morte. Por exemplo, Jesus numa parábola ensina acerca da impossibilidade de um morto voltar como também de reencarnar.

Lucas 16:22-31  2 Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.  23 No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.  24 Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.  25 Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.  26 E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós.  27 Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna,  28 porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento.  29 Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.  30 Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.  31 Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.

Notemos que a sentença já foi dada aos que morreram. Lázaro ao “Seio de Abraão” (Paraíso), o rico ao Hades (inferno). Notemos também que ele pediu a Abraão que representava Deus na parábola, pois o personagem era onisciente, para deixar que Lázaro molhasse o seu dedo e colocasse em sua boca. Abraão respondeu dizendo que havia um grande abismo entre ele e Lázaro e também não foi permitido que ele falasse aos seus parentes porque eles têm as Escrituras (Moisés e os profetas). Portanto, Jesus descartou completamente a possibilidade do rico voltar aos seus parentes de qualquer forma. Seja pela ressurreição, muito menos pela reencarnação, que nem falou na parábola. De qualquer forma, Jesus ensinou que um morto não volta. Portanto, nessa parábola, a vida pós-morte é revelada por Cristo e está fora de questão qualquer ensinamento de reencarnação ou possibilidade de volta aos mortos.

Reencarnação e Individualidade

Segundo - a reencarnação também não condiz com a lógica no que diz respeito à individualidade do ser humano. Segundo essa doutrina, ninguém tem sua própria identidade porque sempre é a reencarnação de outra pessoa. Por exemplo, se eu sou a reencarnação de D. Pedro II, logo eu não sou eu mesmo, Francisco Mário, e D. Pedro II também não era D. Pedro II. Portanto, fica um círculo vicioso que ninguém tem a sua própria identidade.

A Bíblia ensina que o homem tem a sua individualidade em seu próprio espírito:

Gênesis 2:7  7 Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.
Zacarias 12:1  Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel. Fala o SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito do homem dentro dele.

Esse texto se refere a Gn 2.7 que já foi citado demonstrando que Deus criou o homem com um espírito próprio. Paulo confirma ainda no seu tempo:

1 Coríntios 2:11  11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.

Esse texto demonstra que o espírito do homem é único e jamais pode desvinculado dele mesmo.

Romanos 14:11-12  11 Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.  12 Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.

Aqui nesse texto demonstra a total individualidade do ser humano. Cada um dará conta de si mesmo a Deus e não das vidas passadas. Por que é cada um que nasce, que tem um corpo, que tem uma consciência viva.

Ezequiel 18:4  4 Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.

A Reencarnação e o conceito de morte

Terceiro – a reencarnação desfaz o conceito de morte. Morte é a total incapacidade de relacionamento ou intervenção entre os vivos. Nesse conceito que o profeta Isaías escreve:

Isaías 8:19  19 Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos?

O que temos a ver com os mortos? Mortos estão separados e sem nenhuma condições de contato, se não, não é morte. Como um espírito que se diz médico pode receitar a uma pessoa viva se ele mesmo está humilhado pela sua decadência na morte e insuficiência biológica? Como um espírito pode opinar sobre a vida se ele mesmo está fora do contexto dessa vida. Mas alguém pode dizer: ele já esteve. Sim, mas a morte deixou claro que ele não tem mais nada a falar, se não lamentar, pois está fora da vida física que é a falência e decadência de toda existência.

Se os mortos não voltam, quem são esses espíritos?

Esse é o grande questionamento: se realmente a Bíblia afirma que os mortos não voltam, nem reencarnam pois está ordenado o homem morrer uma só vez; então, quem são esses espíritos que afirmam serem pessoas mortas?

Precisamos saber quem poderia se passar por espíritos de mortos. A Bíblia nos dá pistas de quem poderia ser:

2 Coríntios 11:14  14 E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz.

Paulo ensina que Satanás é expert em enganar até como anjo de luz. Notemos que um anjo de luz é visto por todos como um anjo iluminado e bondoso; também esse anjo fala coisas boas, mas é o próprio Satanás.

Os apóstolos se encontraram com alguns espíritos que estavam enganando as pessoas numa região:

Atos 16:16-18   16 Aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao encontro uma jovem possessa de espírito adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores.  17 Seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação.  18 Isto se repetia por muitos dias. Então, Paulo, já indignado, voltando-se, disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, eu te mando: retira-te dela. E ele, na mesma hora, saiu.

Notemos que aquela mulher tinha um espírito que dava muito lucro aos cidadãos da cidade de Filipos. Aquele espírito não era apresentado como demônio, mas como alguma divindade romana, pois eles açoitaram Paulo por apresentar costume judeu e não romano. Isso incluia a religião pagã de Roma. No entanto, Paulo expulsou aquele espírito como um verdadeiro demônio.

Os demônios sempre vão levar o homem para longe da consciência da verdadeira culpa diante de Deus e deixá-lo à vontade na tentativa de ser salvo por suas próprias obras, pois isso ofende a Deus diretamente e chama-o de mentiroso:

1 João 1:10  10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

O verbo grego para cometer pecado ‘ημαρτηκαμεν / hëmartëkamen está no perfeito dando a entender que João está enfatizando as consequências de um ato no passado. Isso quer dizer que aquele que não admite que precisa de expiação e ser propiciado faz de Deus um mentiroso porque Deus afirma que todos estão em pecado contra ele.

Portanto, se alguém afirma a possibilidade de salvação por suas próprias obras ou tentar se justificar diante de Deus por suas obras estará chamando Deus de mentiroso. Portanto, Satanás é aquele que lutará até o fim para que isso aconteça.

O filme Chico Xavier

O filme fala da vida desse personagem tão carismático e que impressiona, de fato, pela sua total dedicação às pessoas e pelo carinho que tinha com aqueles que o buscavam. O filme tenta demonstrar que uma pessoa pode, na prática, ser considerada digna de ser chamada boa nessa terra. No caso, Chico Xavier.

Por causa disso, muitos compararam Chico Xavier a muitos personagens bíblicos, inclusive aos apóstolos. Porém, a Bíblia nos ensina a analisar as intenções do coração (Hb 4.12) porque somente diante de Deus que todas as coisas estão abertas e reveladas.

Precisamos entender que o amor altruísta pode perfeitamente não ser o verdadeiro amor. Paulo ensinou isso quando afirmou no seu famoso hino do amor:

1 Coríntios 13:3  3 E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.

Paulo está admitindo que uma pessoa pode perfeitamente entregar seus bens aos pobres, que é um ato muito difícil, e uma pessoa pode dar seu corpo para ser queimado, que é uma ação também difícil, sem ter como motivação o verdadeiro amor. Isso quer dizer que não basta somente o ato para Deus, mas a motivação.

Para sabermos a motivação do verdadeiro amor, precisamos recorrer a quem mais falou de amor na Bíblia, o apóstolo João. Ele afirmou:

João 15:9-10  9 Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor.  10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.

João afirma aqui que somente temos o verdadeiro amor de Deus se guardamos os seus mandamentos, pois no v.12 ele nos manda a amar uns aos outros como ele nos amou.

Outro texto interessante e mais claro é:

1 João 5:2   2 Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos.

Nesse texto, João foi mais claro ainda quando afirmou o amor aos filhos de Deus.

Portanto, se alguém faz grandes obras de altruísmo dentro de um profundo paganismo, idolatria e consulta aos mortos que a Bíblia condena com muita contundência, esse não é o genuino amor de Deus, mas apenas uma aparência desse amor.

Chico Xavier pode ser admirado por sua postura de entrega altruísta, mas segundo as Escrituras sua motivação de ter o genuíno amor de Deus como motivação é colocada em xeque devido à sua postura para com a consulta aos mortos. Mesmo assim, questiona-se se caso o espiritimo mudasse de ideia em dizer que a salvação vem pelas obras se esse altruismo ainda continuaria?

Portanto, a doutrina da reencarnação está longe de ser considerada genuinamente cristã, embora que isso seja reinvindicado por seus seguidores. Os filmes são questionáveis pela incoerência e pela falta de embasamento bíblico embora que de vez em quando citam ou lembram algum verso isolado.

Para concluir, o filme Nosso Lar apenas demonstra, de uma forma mais contundente, a total incoerência da doutrina espírita: cheia de contradições e princípios que contrariam a Palavra de Deus. O filme Chico Xavier demonstra que a vida de uma pessoa que deu a sua vida para servir os espíritos e as pessoas pode estar enganada e cheia de engano. No entanto, questiona-se diante dessa honrosa prática se de fato tem origem numa motivação bíblica do verdadeiro amor porque ainda que alguém entregue seu corpo para ser queimado se não tiver amor, nada será.