sábado, 25 de junho de 2011

O GÊNERO HUMANO, SUA ÁREA DE TRABALHO, REALIDADES, ALTERNATIVAS E POSSIBILIDADES DE TROCAS





1 INTRODUÇÃO

Diante de grandes tendências, houve a necessidade de repensar alguns aspectos e de buscar respostas para sanar alguns problemas sociais. Essas respostas são exatamente a tentativa de tornar relativos alguns conceitos para que se possam apreender com facilidade algumas tendências.

Esse trabalho tem como objetivo de fazer uma análise crítica das teorias de Gêneros, sem deixar de levar em contar as contribuições que esse tema traz, bem como despertar para a realidade os problemas e conflitos existenciais.

2 UM CONCEITO DE GÊNERO

Segundo o artigo “Desafios y Oportunidades para la Equidad de Gênero em América latina y El Caribe”, Gênero é uma categoria relacional que identifica grupos socialmente construídos e relações entre homens e mulheres. Segundo o conceito, ser homem e mulher são processos de aprendizagem surgidos de padrões socialmente estabelecidos e fortalecidos através de normas. Esse conceito traz algumas dificuldades. Primeiro, o conceito foge da etimologia da palavra, pois vem do grego genos, que quer dizer origem, nascimento. Gênero diz respeito a algo nato, intrínseco e não se pode manipular nem escolher. Segunda dificuldade é que há uma profunda confusão entre opção sexual e sexualidade humana. A opção sexual é relativa, instável e está sujeita a processos de aprendizagem, porém, a sexualidade humana, que inclui tanto a parte biológica hormonal como as características psicossomáticas relacionais de cada sexo, essa é permanente. O homem sempre terá o hormônio masculino, como as mulheres sempre terão hormônios femininos. Por isso, alguns homossexuais masculinos tomam hormônios femininos para se adequarem às mulheres, pois naturalmente não se adequam ao sexo oposto.

A tentativa de mudar o conceito é exatamente de expurgar da sociedade uma visão extrema da sexualidade trazendo preconceito, marcas e atitudes não fraternas; porém, vai a outro extremo, pois coloca em total indefinição a sexualidade, afetando a identidade como homem e como mulher. A sexualidade está totalmente relacionada à identidade humana. Cada pessoa tenta se relacionar, vestir, agir, falar mediante o que pensa ser: homem ou mulher. Portanto, a sexualidade tem muito a ver com a nossa identidade. Por exemplo: um transexual assume a sua identidade tentando agir dentro de uma outra identidade, chamando até por nomes de mulheres, porque a sexualidade tem a ver com identidade. O indivíduo é homem, mas quer agir como mulher. Há uma profunda confusão de identidade, pois a sua sexualidade não é somente os órgãos sexuais, mas hormônios, características, mesmo que sejam intrínsecas. Por exemplo, quando um homossexual masculino muda de sexo, age como mulher, toma hormônios femininos, ele sempre será, em sua essência um homem, pois incluirá raciocínio e atributos que essas mudanças não conseguem afetar. O homem sempre será homem, uma mulher sempre será mulher, pois o que os acompanha é um conjunto de atributos intrínsecos que ninguém conseguirá tirar. Uma prova disso é que quando travestis começam a brigar, eles agem como homens e demonstram exatamente como um homem faria. Apesar de que isso seja relativo, mas intrinsecamente, tanto homem e mulher agirão como tal dentro de suas sexualidades.

Não se precisa apelar para a indecisão sexual para se buscar uma aceitação social dos grupos ou trazer respeito mútuo a todos que optam por uma opção sexual. Precisa-se entender que respeito à opção de alguém é um princípio social universal e que não se precisa abandonar os padrões naturais da sexualidade para aceitar o outro, com outra opção, com outra orientação; embora que não deixe de haver trocas de experiências e questionamentos dentro de um diálogo saudável e sem discriminação. O respeito vem exatamente das diferenças, porque quando somos iguais está-se apenas projetando valores e aptidões, mas quando se é diferente está-se reconhecendo a individualidade de cada pessoa como ela é, independente dos seus desígnios. Portanto, não é necessário de um salto à indefinição sexual para se chegar à aceitação um do outro.

3 A INCLUSÃO DE HOMENS E MULHERES NA ÁREA DE TRABALHO

Por muito tempo a mulher ficou privada de algumas ações sociais, embora que se pode tirar também algum proveito disso. Segundo “Grandes questões sobre o Sexo”, uma das causas maiores do divórcio na Europa é exatamente a independência feminina, incluindo a jornada de trabalho (STOTT, 1993, pág. 66). Porém, a mulher tem chegado aonde era impossível há 40 ou 50 anos atrás. Isso é uma grande conquista, pois está-se colocando a mulher em suas potencialidades e elevando-a ao seu lugar de importância.

Há um questionamento se a mulher poderia entrar em todas as áreas de trabalho ou o homem também. Hoje é comum ver homens bordando, costurando; é comum ver mulheres indo à guerra ou fazendo trabalhos forçados que eram somente aos homens. Isso demonstra um amadurecimento, já que nada impede a mulher de ser e fazer aptidões ou trabalhos diversos; porém, deve-se aceitar que se não for levado em conta a sexualidade definida, pode-se fazê-los entrar em crises profundas. Cada um tentará agir dentro da sua sexualidade e se não for levado em conta a distinção de gênero, sobrecarregará um dos dois. Por exemplo, quando um casal viaja em um carro e o pneu do carro fura, pergunta-se: quem poderia consertar o pneu? Tanto o homem e a mulher vão agir dentro de suas potencialidades e características. Fica fora de coerência um homem deixar que uma mulher tire o pneu do carro, coloque força, sendo que ele pode fazê-lo. Pergunta-se: Por que a mulher não pode fazer isso? Porque o bom-senso demonstra que o homem seria mais apropriado devido à sua força, não porque queira poder. Mesmo porque, seria uma demonstração maior de poder se ele ficasse parado e a mulher consertasse o pneu. Portanto, a indefinição de gênero leva a conseqüências mais sérias que se pode pensar.

4 REALIDADE ALTERNATIVA E PARADIGMAS

A sociedade vive diante de paradigmas sociais. Há muita crítica que essa sociedade busca paradigmas pré-estabelecidos; porém, esquece-se que isso é baseado em outro paradigma. A questão é qual é o paradigma ideal? Se os paradigmas são criticados em nome de direitos humanos, por que o outro não é? Quem é que vai julgar e dar o veredicto final? Quem julga os direitos humanos? Portanto, está-se numa total indefinição ética, então, não se pode falar de paradigma social sem que se tenha uma base ética. As alternativas devem ser buscadas dentro de paradigmas, mas precisa-se ter o ideal equilíbrio entre dar oportunidades a ambos os sexos e aperfeiçoar-se em suas sexualidades com coerência e honestidade. Com isso, fica a necessidade de um referencial ético.

A busca de alternativas em detrimento à definição de gênero pode ser mais danosa que qualquer discriminação por opção sexual. Uma indefinição de gênero pode levar a uma insensibilidade de complementaridade dos sexos, pois se alguém ainda não se definiu ou não se pode definir o gênero para que se esforçar a buscar essa complementaridade? O que se consegue notar é que a diversidade dos sexos em vários setores da sociedade é importante devido aos atributos masculinos e femininos que se completam. Portanto, precisa-se de alternativas, mas buscando equilíbrio entre oportunidade e complementaridade.

A disparidade de salário entre homens e mulheres demonstra um grande desafio social. Pode-se vencer isso colocando como incentivo que uma sociedade ideal precisa de oportunidade e complementaridade entre os sexos. Caso contrário, ter-se-á indefinição que jamais poderá haver complemento e oportunidade.

A realidade alternativa está intrinsecamente relacionada com os paradigmas, já que a realidade é a leitura de nosso contexto. Precisa-se saber quais paradigmas ir-se-á levar em conta, pois para cada um acompanhará pressupostos e tendências preconcebidas, quaisquer que sejam.

5 POSSIBILIDADE DE TROCAS

Quando se fala de possibilidade de trocas, precisa-se entender o que se pode mudar e o que vai definir essa mudança. Pode-se mudar a forma de encarar a discriminação por opção sexual, porém, mesmo assim, pode-se ter definidas as sexualidades. Um homem pode chorar, ser gentil, meigo sem perder os atributos da sua própria sexualidade, exceto se encenar atitudes do sexo oposto.

As características femininas e masculinas estão juntas no homem e na mulher? Diante desse questionamento, pergunta-se qual a característica de um homem e qual a característica de uma mulher. Estando definidas exatamente para saber que ambas estão na mesma pessoa, precisa-se ter em mente que há uma distinção clara entre ambas, pois elas estão no homem ou na mulher. Porém, se podem ser definidas e distintas a ponto de se saber que estão no homem e na mulher, não deixa de haver uma definição evidente. Por que não aceitar que o homem agirá sempre como características de homem? Isso não quer dizer que o agir com característica de homem não implique em sensibilidade, carinho afetivo. No entanto, todos dentro dos atributos masculinos. Há maneiras diferentes de se relacionar. Por exemplo: relaciona-se em afeto de uma maneira com os pais, de outra com os filhos, de outra com o cônjuge, de outra com os animais, de outra com o mesmo sexo. Para aqueles que são homossexuais, o relacionamento com o mesmo sexo é chamativo, porém, para os que são heterossexuais, o relacionamento é completamente diferente, se não, seria homossexual. Isso não quer dizer que se está buscando padrões da sociedade, pois é natural os tipos de relacionamentos e suas empatias.

6 UMA OUTRA PROPOSTA DE SEXUALIDADE

Diante do conceito de gênero supracitado no artigo está implícito uma proposta baseada na teoria da evolução das espécies, onde o homem é um processo da evolução vinda do acaso, que teve nos animais paradigmas existenciais, mas será que há outra proposta de sexualidade? Sim. Há uma proposta que o homem e mulher foram criados por um Deus pessoal como está baseado na Bíblia. Ele os criou macho e fêmea, distintos, complementares, heterossexuais. Essa proposta traz alternativas nas áreas de trabalho em que ambos os sexos se complementam, mesmo sem haver possibilidade de trocas, havendo respeito mútuo e fraterno. As disparidades preconceituosas não se originaram nessa proposta, mas no ser humano que nunca foi capaz de ter ideais éticos e fraternos por si mesmo. O respeito às individualidades se deve por causa das diferenças entre ambos e isso só acontecerá se houver diferenças, que no caso, seria de gênero.

A proposta criacionista coloca o homem e mulher no seu devido lugar e com as suas devidas identidades. Nota-se que a mulher quando está grávida procura saber o sexo do bebê. De acordo com o sexo, a mãe prepara o nome, as roupinhas, o tratamento em solilóquios e diálogos para com o bebê. Isso demonstra que a nossa sexualidade está intrinsecamente ligada à nossa identidade. As marcas preconceituosas não foram por causa dessa proposta, mas por causa do próprio homem como foi falado.

Quando se fala de preconceito, precisa-se defini-lo. Preconceito não é ter idéias diferentes e nem refletir sobre contradições e corrigi-las, mas ter um conceito sem uma razão, se não, convencional. Portanto, pode-se ter preconceito até por aqueles que defendem o não ter preconceito. Basta alguém deixar de falar com aqueles que acham que são preconceituosos. Isso já é preconceito. Por isso, a proposta criacionista é importante para a definição dos gêneros: homem, mulher, pois ambos podem conviver perfeitamente em respeito mútuo com as definições de seus gêneros.

Segundo a proposta criacionista os sexos estão em desenvolvimento e se complementam para formar um todo social. Precisa-se que se tenha uma visão que a falta desse complemento, causaria danos à sociedade e somente se pode complementar se tiver definidos os gêneros. Esses gêneros são complementados entre si, formando uma sociedade que seja complementar e que busque a justiça e a verdade.

7 CONCLUSÃO:

Qual a real motivação de uma igualdade de gêneros? Será que é mesmo o bem-estar do outro, um desejo pela justiça? Será que por trás dessa motivação de indefinição dos gêneros não estão interesses de uma tentativa de auto-afirmação de sexualidades e um desejo mórbido por terem os outros iguais para exatamente dominar? Se alguém quer manipular outras pessoas procura igualar-se a elas, pois a diferença é um fator negativo àqueles que querem manipular outros. As diferenças são salutares e servem como um fator que demarca o respeito e a complementaridade entre os seres humanos.

Quando se chama de gênero algo que se escolhe fazer é confundir o significado da palavra e dar o significado do que se quer dar. Basta que se enquadre nos moldes convenientes. O problema disso é que os significados que a palavra tem, de fato, se perde. Por exemplo: Quando um adolescente que nunca teve tendência homossexual é forçado por seus amigos a ter uma relação homossexual e passa a ter tendências, não quer dizer que mudou de gênero, mas que tem conflitos e tendências sexuais; e mesmo que tenha uma relação homossexual, não significa que mudou de gênero. Como se houvesse uma pergunta: Qual o seu gênero hoje? O gênero hoje é homossexual. Amanhã? Bissexual. Se isso for gênero, deve-se procurar outra palavra, não essa.

Há alternativas para ambos os gêneros terem oportunidades, há possibilidade de complementaridade. Nem sempre a troca é ideal, mas complemento sim é necessário. Em um grande quebra-cabeça não se busca peças que troquem, mas que se complementam, pois através do todo há o bem coletivo e o bem social.

A contribuição desse tema está na maior compreensão do sexo oposto, principalmente a mulher, que é mais discriminada. Alguns estereótipos não tem razão de existir e esses precisam ser vencidos pela vontade das mulheres  de buscarem os seus valores.

Outra contribuição é que se tem uma visão bem forte da discriminação. Pode-se aceitar outra pessoa, mesmo que ela seja de outra orientação sexual, mesmo que não tenham todos as mesmas aspirações existenciais. Essa pessoa é digna de respeito, de ser ouvida e assistida. Essa visão precisa ser passada por educadores, embora que se tem que ter em mente que se pode educar mostrando valores.

4 comentários:

  1. Amini Haddad

    Gostaria de parabenizar o autor por abordar um tema tão importante para a contemporaneidade. Contudo, gostaria de acrescer uma outra questão de suma importância, discordando em essência do conteúdo proposto. Precisamos distinguir a identidade do gênero. A construção social do masculino e do feminino que subjuga, desconsidera potências, hierarquiza e cria espaços público ao homem e privado às mulheres. Esta diretriz torna impossível a realização de uma sociedade mais justa e equânime. Considero sim que temos identidades masculinas e femininas. Mas, o gênero não é genético. O gênero decorre de conceitos culturais que costumeiramente se impôs, criando abismos entre a realização do feminino e do masculino. Em razão disso, somente em meados do século XX (recentemente) adquirimos cidadania... Precisamos sim evoluir não para a destruição da identidade dos sexos, mas para o devido respeito às potências que são inibidas e desconsideradas para a mulher nos parâmetros impostos ao feminino. Exemplo recente foi o engenheiro de 42 anos que se recusou a continuar no avião da gol que era pilotado por uma mulher. Ou do empregador que se recusou a pagar o mesmo salário à mulher e ao homem, apesar de ser o mesmo cargo, mesma função e mesma carga horária. Infelizmente, as mulheres recebem no máximo 70% do que é pago ao homem - IBGE. Em decorrência desse desvalor imposto pelo gênero ao feminino milhares de mulheres são submetidas à comercialização de suas vidas. São mais de 30 bilhões de dóllares envolvidos no tráfico internacional de meninas. Em alguns países, o desvalor ao feminino, imposto pelo gênero (imposição cultural) tem feito milhares de bebês, do sexo feminino, vítimas do aborto (feticídio de meninas - África, Ásia, Oriente Médio etc), bem como milhares de mulheres vítimas da extirpação do clítoris, por não terem sequer o direito ao prazer (controle somente da sexualidade feminina). O desvalor cultural da identificação do feminino ainda perdura em inúmeras legislações. Basta dizer que até pouco tempo a identificação da "fragilidade" resultou na permanente incapacidade relativa da mulher no Código Civil Brasileiro. Essa legislação era de evidente formação baseada nos conceitos de gêneros... Apenas em 2002 esse Código foi substituído. A realidade é muito triste e precisamos identificar que o respeito às potências humanas é basilar à humanidade. Portanto, defendemos que a identidade genética do masculino e do feminino devem permanecer porque são próprias da nossa humanidade. Contudo, precisamos sim superar a cultura dos gêneros pelas desigualdades de oportunidades e de desenvolvimento impostas ao feminino. Que haja somente um gênero: o gênero humano, sem qualquer prejuízo de nossas identidades genéticas. Outra questão trazida pelo artigo é quanto à orientação sexual. Esta não tem nada a ver com a delimitação da cultura de gênero. Afinal, o homossexual não sofre desvalor do FEMININO. O preconceito é decorrente de uma outra questão: a inaceitabilidade de sua escolha ou orientação sexual. São temas distintos, apesar de tratarem das vulnerabilidades humanas. Não podemos confundir sob pena de não conseguirmos de fato observar as verdadeiras razões que motivaram a hierarquização entre o masculino e o feminino na sociedade. Espero ter também contribuído para o debate, colocando-me à disposição.
    Amini Haddad Campos - Juíza de Direito, Professora-Diretora do Núcleo de Pesquisa Vulnerabilidades, Direito e Gênero. Presidente da Academia de Magistrados - AMA (2012/2014). Diretora da Secretaria de Gênero - AMB (2014/2016). Mestre em Direito Constitucional- PUC/RJ. Doutorado em Direitos Humanos - UCSF. Mulher, Casada (Esposo Joelson de Campos Maciel - Promotor de Justiça) e Mãe de um casal de filhos.

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  2. À Dra. Amini Haddad - 1

    Dra. Amini Haddad, sinto-me lisonjeado com a sua participação e contribuição em meu blog. Realmente, estrelas brilham de longe, mas poucas descem para brilhar. Obrigado pela luz e simpatia nos seus acréscimos.

    Preciso explicar algumas coisas, pois acho que poderemos chegar juntos em um mesmo lugar, embora que nossos pressupostos que nos levam a ele são diferentes.

    O meu texto defende exatamente a identidade dos gêneros. Por isso, defendo que jamais os gêneros podem deixar de ser genéticos, pois se deixarem de ser, as suas identidades estarão ameaçadas, já que sempre dependeria dos conceitos e experiências de cada um.

    A palavra gênero vem do grego γένος de etimologia que demonstra origem e naturalidade. O gênero não decorre de conceitos culturais, mas da natureza. Tanto, que se tem 2 tipos de cromossomos; 2 características sexuais ao nascer. Tanto que homossexuais precisam de hormônios para assemelhar-se ao sexo oposto. Isso demonstra que os gêneros são natos e não formados na sociedade.

    No entanto, esses gêneros precisam de desenvolvimento, complemento e respeito. Talvez o que levou o engenheiro de 42 anos se recusar a permanecer no avião porque uma mulher o pilotava era por que ele tinha uma visão relativa de gênero, pois como alguém poderia provar que aquela mulher que era piloto daquele avião apreendeu bem o seu gênero para que ele confiasse nela?

    Caso ele entendesse que os gêneros são naturais e, se é assim, uma mulher poderia muito bem aprender ou até fazer melhor que um homem dentro de seus papeis e potencialidades. Portanto, acredito que a melhor forma de respeitar as potencialidades dos gêneros é admiti-los como uma dádiva de Deus desde o nascimento.

    Falei no meu texto que alguns confundem opção sexual com gênero. O gênero é intrínseco, está na alma; a opção sexual é diferente. Por isso, que existem vários tipos de homossexuais. Existem os travestis, transsexuais, os que não têm trejeitos efeminados ou masculinizados; os que são efeminados; os bissexuais etc. Portanto, o gênero jamais poderia ser uma construção social ou psicológica da opção sexual. O sexo é apenas um só atributo do gênero e não o próprio gênero. Por isso, quando afirmamos que o gênero é uma construção social ou uma orientação sexual estamos indo contra a etimologia da palavra como também esquecendo que gênero não é sinônimo de sexo, mas apenas um de seus atributos.

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  3. À Dra. Amini Haddad - 2

    O exemplo que você deu da África acerca do tráfico de mulheres que passam pelo o que você chamou de “vítimas da extirpação do clitóris”, demonstra mais ainda que os gêneros não podem ser uma construção social, pois o que eles fazem na África é exatamente a consequência da cultura do lugar. Para eles, isso é correto, é normal, é agradável, pois é cultural. Quando analisamos esses eventos à luz de um gênero colocado em seu devido lugar sendo natural, é mais fácil entender que assim como os homens têm o prazer sexual, as mulheres precisam ter em todos os sentidos e isso somente se tem quando há uma conscientização de uma correta visão dos gêneros.

    Pelo que você escreveu sobre a valorização do FEMININO, acho que não fui tão claro em meu texto, pois quis demonstrar que há o complemento entre os gêneros (homem e mulher). Complemento demonstra valor mais que igualdade. Igualdade leva-nos a preterir partes, complemento leva-nos a ter por necessidade natural. Portanto, eu defendi exatamente o grande valor do FEMININO e não o contrário. Somente uma sociedade que reconheça os valores e os papeis de ambos os sexos ou gêneros que se poderá ter o respeito e a valorização devida à mulher como se espera em uma cultura cristã e culta.

    Muitas pessoas confundem hierarquia com valores. Acham que se o homem tem uma certa hierarquia no seu lar, demonstra ser mais valorizado ou ser melhor. A hierarquia não significa isso. Posso dar o seu próprio exemplo. Você é juíza com potencialidades sociais, mas podemos conversar dentro de nossos papéis sem que um ou outro conceba a imagem de quem é melhor ou maior dentro de nossos gêneros.

    Agradeço a sua participação por elevar o nível desse blog trazendo seu comentário demonstrando a todos os homens que existem mulheres como você: culta, excelente, educada, inteligente e que está disposta ao diálogo. Muito obrigado.

    Gostaria de aproveitar e demonstrar uma poesia sobre a mulher que eu fiz em meu blog de poesias:
    http://poesiafcomario.blogspot.com.br/2013/03/as-tres-dimensoes-de-uma-mulher.html

    http://poesiafcomario.blogspot.com.br/2013/03/mulher.html

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  4. Obrigada. Acho que lidamos com dois conceitos distintos. Há identidades no masculino e no feminino. Mas, os espaços socialmente construídos às mulheres e aos homens não detém qualquer identidade (construções de gêneros). Porque será que no dicionário somente existe a palavra prostituta? Qual seria o masculino? Gigolô? Porque há um desvalor latente ao feminino sem a mesma representação ao masculino? É difícil para a mulher se inserir na ambiência pública, porque condicionaram a identidade sexual do feminino ao ambiente doméstico em razão da perspectiva de gêneros (Tenho um livro que apresenta essa questão: Direitos Humanos das Mulheres - Ed. Juruá-Curitiba). As legislações que não permitiram a cidadania plena às mulheres são baseadas no conceito de gêneros (fragilidade e indecisão ao feminino; fortaleza e determinação ao masculino). Ainda sofremos em razão desses conceitos de gêneros. Incluo-me nessa realidade. Para mim foi tremendamente difícil. Desde o meu lar (descendência árabe). Quanto à hierarquia, espero que ela seja superada pela harmonia, pelo respeito e compartilhamentos de vida. O amor não hierarquiza marido e mulher. São cúmplices de uma história de vida. Essa é a maior mensagem de Jesus para Marta em relação a nossa plena humanidade, quando questionado, deixou a melhor parte à Maria? Expôs que estávamos para além dos espaços domésticos? Podíamos compreender/discernir? Quando questionou à remessa da 1a. pedra em relação à mulher adúltera (onde estava o homem?). Não sei se esse ideal será vivenciado. Sinto-me feliz por poder viver um momento diferente da minha mãe/avó/bisavó. Pelo conceito de gênero dado ao feminino, não estaria aqui... Meu mundo seria muito restrito. O valor (dignidade) do feminino e do masculino é igual. A igualdade não se refere à equivalência genética, mas ao exercício dos direitos. A sociedade somente entenderá isso quando olhar para homens e mulheres e perceber seres humanos em essência. Essa essência do binômio do cromossomo-mãe e do cromossomo-pai encontra-se em igualdade por uma razão não somente operacional. A trajetória infeliz da subjugação, da dominação e dos condicionamentos de Poder (gêneros) é fundamento da extirpação do clítoris (África), do casamento com meninas a partir dos 05 anos de idade (países árabes), da permissão dos homens terem várias mulheres (razão dita: elas precisam ser dirigidas pela incapacidade e fragilidade de seu gênero feminino); dos abortos seletivos (Índia, China, Países Árabes) e da venda de meninas para fins de exploração (Brasil: 1o. colocado das Américas/tráfico de mulheres/turismo sexual - dados OEA/2013) por entenderem, no conceito do gênero feminino, que as mulheres não detêm racionalidade e são seres meramente emocionais (inferiores). A minha racionalidade é plena. Vou trazer o que é gênero feminino para Proudhon:"Uma mulher que usa sua inteligência torna-se feia, louca, (...) a mulher que se afasta de seu sexo, não somente perde as graças que a natureza lhe deu (...) mas recai no estado de fêmea, faladeira, sem pudor, preguiçosa, suja, pérfida, agente de devassidão, envenenadora pública, uma peste para sua família e para a sociedade". Vou trazer o que é o gênero feminino para Nietzsche (apud Groult, 1993:102): "O homem inteligente deve considerar a mulher como uma propriedade, um bem conservado sob chave, um ser feito para a domesticidade e que só chega à sua perfeição em situação subalterna". Não concordo com esse contexto de gênero. Isso pode ser verificado em GROULT, B. Cette mâle assurance. Paris, Albin Michel, 1993. Acredito que apesar de discordarmos em alguns pontos, seguimos diante de uma motivação maior: o respeito às nossas identidades em potência e vida. Infelizmente, as pessoas têm usado a necessidade de superação desses espaços de gêneros para negar a existência da identidade sexual. Mas, precisamos superar os estigmas. Temos um casal de filhos. Gostaria que eles detivessem as mesmas oportunidades no exercício dos direitos. Lindas poesias. Evidenciam a sua sensibilidade em perceber a vida em nobre conceito: Amor

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