quarta-feira, 11 de junho de 2008

A SÍNDROME DA CASA CIVIL

No governo PT há de tudo o que se pode pensar de irregularidade. O que mais choca é como se livram e como o povo encara essas denúncias. Na verdade, o povo não está mais interessado em um governo ético, coerente e honesto. A questão é se todos estão recebendo a bolsa-família, se estão recebendo benefícios. Quanto aos demais, que se danem. É a velha máxima que deram ao governador Paulo Maluff: ele rouba, mas faz. Os fins justificam os meios. Esses tratam a política como time de futebol: não vale nada, mas dou o sangue por ele. A prova é que muitos candidatos, acusados de corrupção, voltaram com muitos votos aos seus postos políticos.
Dentre as síndromes do governo Lula, está a da Casa Civil. Um ministro já caiu, José Dirceu, acusado de irregularidades e corrupção. Desta vez agora é a ministra Dilma, futura candidata à presidência da República, infelizmente. A acusação de irregularidades e tráfico de influência na compra da Variglog pela ex-diretora da Anac, Denise Abreu, demonstra que quase todos os membros desse governo são duvidosos. Ela pode até não cair como o José Dirceu, mas não deixa de ser uma candidata que o Brasil pode eleger com a cara desse governo – cheio de CPI´s, denúncias, influências, dossiês e cartões corporativos.

Realmente o Brasil está doente. Uma população hipnotizada pela esquerda à mercê de sua sujeira e recebendo a conseqüência de sua escolha. A Síndrome da Casa Civil está em todo Brasil. Essa síndrome acontece quando há uma irregularidade, mentira, corrupção e mesmo assim a popularidade está em alta. Realmente o Brasil merece suas mazelas. Realmente o Brasil merece aqueles que são parecidos com o José Dirceu e a Dilma Rousseff.

quarta-feira, 5 de março de 2008

PESQUISAS CÉLULAS-TRONCO COM EMBRIÕES: ÉTICA DECADENTE


No Brasil está para ser votado no STF o uso de embriões humanos nas experiências de células-tronco. Na verdade, mais uma vez a vida está em jogo e isso demonstra que os valores estão sendo trocados. Alegam que esses embriões são imprestáveis com mais de três anos congelados em nitrogênio líquido e que, com quatorze dias, o sistema nervoso ainda não está formado. Por isso, podem-se fazer experiências com esses embriões, dizem os cientistas, pois eles serão descartados mesmos. A bióloga Mayana Zatz em entrevista à revista Veja diz que isso não é aborto e a proibição é “absurda” e que, para ela, somente há vida se o embrião estiver num útero ou com o sistema nervoso formado.


Tudo parte de uma pergunta básica: onde começa a vida? Não existe algo mais simplório e mais deplorável que afirmar que a vida começa somente quando o embrião tem o sistema nervoso ou quando este está no útero. Isso sim é um absurdo! Esquecem que esse embrião tem um DNA com todas as informações de um ser vivo em potencial e que o homem não é constituído somente de bios, mas psyche. O homem não é somente uma massa biológica. A vida começa na fecundação quando os cromossomos se uniram e nessa pequena célula há um ser vivo em potencial com todas as informações no seu DNA. Os cientistas advogam que quando o cérebro morre, o homem pára de viver. Por isso, eles esperam que o embrião seja até de 14 dias. Isso se constitui uma grande falácia porque o ser humano não é somente células nervosas nem cérebro, mas um todo. Nesse embrião há células que têm informações concretas de uma pessoa em sua plenitude. Daniel Serrão, professor de Bioética e Ética Médica na Universidade do Porto, em Portugal. Membro do Comitê Diretor de Bioética do Conselho da Europa afirma em uma entrevista VI Congresso Mundial de Bioética:


Isso não tem qualquer espécie de significado, primeiramente, porque não existe
nenhum embrião in vitro que consiga se desenvolver para além do 7° dia.
Portanto, ao contrário da fecundação natural, não há nunca embriões in vitro com
14 dias, nem com 10, nem com 8. Na época em que foi feito o Warnock Report, (o
Estatuto do Pré-Embrião) não havia nenhuma técnica de laboratório que permitisse
desenvolver um embrião por mais de 72 horas! Foi um truque para dizer aos
parlamentares ingleses 'Nós vamos proibir a investigação em embriões com mais de
14 dias', o que chama a atenção, porque é uma proibição. E, abaixo dessa data,
'faremos o que quisermos'”. Ele ainda afirma: “O cérebro não faz nenhuma
distinção: em sua base, um tecido nervoso muito primitivo é igual ao do adulto.
É a mesma coisa que defendermos a morte de um indivíduo débil mental, só porque
o cérebro dele não funciona direito (http://www.bioeticaefecrista.med.br/textos/entrevista%20daniel%20serrao.pdf)
.


Portanto, isso é uma grande falácia. Quando se afirma que o embrião fora de um útero não tem vida é a declaração mais patética que se pode ter sobre a vida. O útero não determina o que é vida, mas ajuda a desenvolver a vida. Se o embrião precisa estar no útero para desenvolver não significa que para ser uma vida tem que estar nele. Como se dissesse que alguém que não está na atmosfera não tivesse vida. Então, aqueles astronautas em órbita podem morrer à vontade, pois eles não estão dentro da atmosfera. Eles precisam da atmosfera, do oxigênio; mas isso não determina a vida. O simplismo da bióloga sobre quando começa a vida foi tão grande que nem notou a contradição nas suas palavras: “Não existe um consenso sobre quando começa a vida... Mas existe, sim, um consenso de que a vida termina quando cessa a atividade do sistema nervoso”. Realmente essas palavras são de pessoas que não têm certeza do que afirmam e que com respeito à vida deve-se ter muito cuidado.


Quando afirmam que essas pesquisas são para o bem de muitas pessoas que estão esperando uma cura para uma doença degenerativa ou crônica, pode-se entender; mas não se pode quebrar princípios ou ser em detrimento própria vida humana. Os Nazistas tiveram essa concepção ao fazer de judeus, que consideravam como ratos, experiências obtusas e esdrúxulas para o bem da Alemanha de Hitler. Quando se pega embriões humanos para se fazer experiências como se estivesse tratando de coelhinhos é assemelhar-se aos nazistas e colocar a vida humana como algo de valor mais ínfimo.


O que se pode notar é que os próprios cientistas são receosos quanto ao uso desses embriões, pois afirmam que fazem com 14 dias e com mais de três anos de congelamento. Se eles têm esses critérios é porque eles admitem que esses embriões são muito mais que um “bolo de carne”. Eles dizem que embriões com mais de 3 anos não podem mais ser desenvolvidos e se não forem feitas pesquisas, serão descartados. Isso não é verdade. Existem casos de embriões que desenvolveram com mais de 3 anos de congelamento como afirma o ex-procurador geral da república Cláudio Fonteles. Ele diz que existem pessoas no Brasil e nos USA que nasceram de embriões com 5 anos e 12 anos de congelamento.
(http://conjur.estadao.com.br/static/text/64382,1) . Isso demonstra que há vida nesses embriões e que eles serão aniquilados. A bióloga faz uma diferença entre aborto e pesquisas com células-tronco embrionárias. A “excelente” diferença é somente que o embrião está no útero e o outro está fora. A etimologia da palavra significa interromper. No caso, é interromper a vida, não obrigatoriamente do útero. Essa diferença traz risco àquelas crianças que nascem prematuras e que precisam de uma incubadora não estando no útero, pois, segundo a bióloga, o útero é o que determina a vida. Sinceramente, isso é patético!


Quando se trata da vida, precisa-se entender que mexe com várias áreas como da ética, teologia, filosofia. Tratando-se da Bíblia, ela concorda que a vida começa na fecundação e essa vida é sagrada e inviolável. Se não se respeita a vida na sua concepção, também não se respeitará a vida na sua plenitude.

domingo, 23 de dezembro de 2007

A IMPORTÂNCIA DO NATAL



“Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-lhe o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21)


Nestes últimos anos, tem-se questionado se é necessário comemorar o natal. Algumas igrejas, até eliminaram, de uma forma abrupta, o culto de natal; outras proíbem até falar do natal ou alguma coisa parecida. A base que eles têm é a defesa de alguns líderes acerca da intromissão do paganismo nessa festa e comemoração. Dizem que árvores de natal, Papai Noel, presentes etc, vieram do paganismo; também afirmam que, como ninguém sabe a data certa do nascimento de Jesus, então não podemos comemorar essa data.

Mais uma vez a Igreja do Senhor demonstra-se imatura, infantil e sem firmeza na Palavra de Deus. A igreja, às vezes, faz como Jesus falou, coa um mosquito e engole um camelo e tem abandonado algumas coisas essenciais e se apropriado de outras completamente prejudiciais à sua vida.

Deixar de comemorar o Natal por estar misturado com algumas coisas que não estão relacionadas ao relato bíblico é como se jogasse a água suja, a banheira e a criança fora. É verdade que todas as festas consideradas universais foram misturadas com o paganismo e que não tem nada a ver com o relato bíblico, tanto por uma ação de Satanás, como pela cobiça humana de vender e consumir. Mas não podemos deixar de comemorar uma das festas mais significativas da humanidade, que é o nascimento de Jesus Cristo. Se pensarmos dessa maneira, não iremos comemorar nenhuma festa cristã que seja universal como, por exemplo, a páscoa, que vem como símbolo o coelho, ovo, chocolate etc. Deixar de comemorar a páscoa é falta de sensibilidade espiritual e falta de maturidade em saber separar as coisas essenciais das sem significados e sem base. Concorda-se que se precisa falar os verdadeiros significados, tanto do natal, como da páscoa ou outra festa qualquer, demonstrando que os símbolos que não tem nada a ver com as respectivas festas são culturais e invenções humanas (incluindo árvore de natal, Papai Noel, coelho, ovo, chocolate etc); mas abandoná-las por completo é deixar de mostrar ao mundo o seu verdadeiro significado; é deixar o mundo sem respostas; é tornar-se como sal insípido, que não testemunha a verdade de Deus.

Apesar de ninguém saber o dia certo do nascimento de Jesus Cristo, não implica dizer que não podemos comemorar, pois um dia Jesus Cristo teve que nascer e já que ninguém sabe o dia certo, convenciona-se o dia 25 de dezembro. Pensa-se até que o dia 25 de dezembro seria mais apropriado, já que o mundo todo comemora, para um maior testemunho da pessoa de Jesus Cristo, pois, nessa data, as pessoas estão mais abertas a ouvir sobre Deus, sobre o Evangelho, sobre as coisas espirituais. Como prova disso, pode-se ver os cartões de Natal, mesmo que venham com símbolos desvirtuados, vê-se sempre um texto que tem relação com a Palavra de Deus. Por que se comemora tantas coisas sem significados e até demoníacas, como dia das bruxas e não se comemora o dia do nascimento de Jesus Cristo? Portanto, deixar de comemorar o Natal porque não sabemos a data certa, é uma ação impensada e não inteligente. Paulo chegou a dizer que se fez de fraco para ganhar os fracos, teve que fazer votos para ganhar os judeus. Que Igreja é essa que em vez de criar uma estratégia para falar do verdadeiro significado, corre disso e enfia-se na caverna, reclamando como Elias: “ninguém sabe a data do nascimento de Jesus, Senhor, por isso não comemoramos o Natal” (Adaptação minha). Sinto por esses lideres.

Alguns motivos essenciais para comemorar o Natal:

1. A comemoração do Natal valoriza a historicidade do nascimento de Jesus

Quando se evita de comemorar o natal e ainda se afirma que ninguém sabe a data certa, estar-se dando lugar a questionamentos céticos e a pessoas virem questionar: ora se nem a igreja sabe o certo, será que Jesus Cristo nasceu mesmo? Não adianta alguns dizerem que: “mas quem vai duvidar do nascimento de Jesus Cristo?”. Pois há muitas pessoas, lideres, cientistas e professores de universidades que duvidam do nascimento de Jesus Cristo, mesmo que esteja registrado em várias provas históricas; sem falar dos teólogos liberais que colocam duvida no nascimento virginal de Cristo. O Natal corrobora a historicidade do nascimento de Jesus Cristo, abrindo a mente das pessoas para o episódio como a comemoração do descobrimento do Brasil e outras datas importantes. Isso é tão importante que Deus pediu ao povo no deserto que comemorasse a páscoa exatamente por isso para que eles nunca esquecessem e soubessem da sua historicidade: “esse DIA será um memorial que vocês e todos os seus descendentes celebrarão como festa ao Senhor. Celebrem-no como decreto perpétuo” (Ex 12.14). Vê-se que Deus sabia da importância de se ter um dia para comemorar. A igreja quando se escusa disso, está deixando de ter como memorial e assim testificar a sua historicidade.

2. É uma oportunidade da Igreja testemunhar o verdadeiro significado do Natal

Parece que até a própria Igreja não sabe o verdadeiro sentido do Natal. Alguns poucos podem até dizer de uma forma simplista: é o nascimento de Jesus Cristo; mas não sabem o que isso implica. Acredita-se que esses estão entre os que tiraram o natal de suas igrejas. Analisando o texto acima, vê-se que Maria daria à luz um filho, chamado Jesus para que ele salve o povo dos seus pecados. O Natal fala da cruz também. É uma oportunidade para se falar da grande razão do nascimento de Jesus Cristo, que a salvação das vidas entregues ao pecado. Tirar essa comemoração é deixar de dar o maior testemunho do Evangelho, que é o nascimento de Jesus Cristo. Não é à toa que os Magos do Oriente vieram por divina revelação para adorar a criança. O que Deus queria fazer era que as pessoas questionassem, pois segundo a Palavra, Jerusalém toda ficou alarmada (Mt 2.3). Se Deus não quisesse que não houvesse testemunho, não teria deixado que os magos viessem de tão longe e alarmado Jerusalém. Nota-se que Deus fez questão de manifestar aos pastores através dos anjos, que os diz que o nascimento era uma boa nova. Lucas usa o verbo euangelizomai que é usado para pregar o evangelho (Lc 2.10,11). Como a igreja pode deixar de proclamar o evangelho se este inclui o nascimento de Jesus Cristo, dito pelos anjos e evidenciado pelos evangelistas? Se a Igreja deixar de comemorar o Natal, mais uma vez omite o seu testemunho por causa de sua imaturidade. É tempo da Igreja se unir e mostrar aos meios de comunicação, na Internet o verdadeiro valor do Natal e seu significado. Se houver omissão do testemunho do verdadeiro significado do Natal, a Igreja estará ratificando o testemunho pagão. Isso sim é errado, vergonhoso e pecaminoso; pois onde a Igreja deveria testemunhar, ela fica como tartaruga escondida no seu casco, sem questionar nada, apenas dizendo como papagaio, o que os outros disseram ou pensam. Isso é muito estranho para quem se diz uma igreja que vem da Reforma e que tem como a Bíblia como única regra de fé e prática.
É hora de crescer, é hora de questionar tudo; sabendo que questionar é honra. As pessoas que mais foram honradas na Bíblia foram aquelas que questionaram: Natanael, os crentes de Beréia. Deixar de questionar ou mesmo aceitar tudo sem uma análise é inconcebível àqueles que se dizem portadores do kerygma da Palavra de Deus. Portanto, quero terminar dando um FELIZ NATAL.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O MINISTÉRIO APOSTÓLICO NOS DIAS DE HOJE




Ouve-se falar muito, nas igrejas neopentecostais, sobre a chamada “Restauração do Ministério Apostólico”. Há, inclusive, congressos somente para falar do tema convidando os intitulados Apóstolos que ministrem defendendo os seus chamados. Com o surgimento da Visão do G-12, esse tema efervesceu mais ainda por causa da consagração de apóstolos e mulheres ao ministério pastoral como ao ministério apostólico também. Isso trouxe questionamentos a algumas denominações se realmente há base nas escrituras para o chamado Ministério Apostólico. Por causa da polêmica, a Convenção Batista Nacional, devido algumas igrejas estarem na visão do G-12, criou um parecer oficial que foi passado a todas Convenções regionais. O parecer diz:

A CBN em sua eclesiologia não elegeu, nem elege nenhum modelo de gestão eclesiástica e crescimento como superior ou mais importante que outro. A multiforme graça de Deus se manifesta diversamente; Os ministérios são diferentes, e nenhum deve ser apresentado como superior ao outro: “o caminho mais excelente é o amor”...

As igrejas batistas nacionais não reconhecem o título de bispo ou de apóstolo. Não há, de acordo com estatuto e a pragmática da ORMIBAN, ordenação para tais funções que não fazem parte de nossa eclesiologia;

O objetivo desse pequeno ensaio é analisar com cuidado o que a Bíblia diz sobre esse tema, bem como de ratificar o parecer da CBN em demonstrar que se deve ter muita cautela ao tratar desse assunto. Precisa-se falar também que não se está questionando o chamado ministerial dos colegas que foram ordenados ao título de apóstolo, mas questionando se de fato poderia haver esse ministério na Igreja para que alguém seja chamado de tal.
Apostolos é derivado de apostellö – verbo grego enviar. Foi usado pela primeira vez na linguagem marítima que significa um navio de carga ou uma frota enviada. Depois o termo passou a ser usado para um comandante de uma expedição naval. Somente em duas passagens em Heródoto é que apóstolo significava um emissário como pessoa individual. Flávio Josefo emprega a palavra para um grupo enviado numa missão (Os judeus enviados para Roma – Ant. DITNT, Colin Brawn).
O primeiro a usar a palavra no NT foi o evangelista Marcos, já que ele foi o primeiro a escrever no NT. Marcos chama os discípulos de Jesus de apostoloi (Mc 6.30). Da mesma forma, todos os outros evangelistas sinóticos os chamam também (Mt 10.2; Lc 9.10; At 4.33). João, no seu Evangelho, apenas os chama de hoi dödeka / os Doze (Jo 6.67-70); porém, no Apocalipse João deixa claro que os reconhecia como ton dodeka apostolon tou arniou / dos doze apóstolos do Cordeiro (Ap 21.14). Nas cartas do Apocalipse, Jesus reconhecia que alguns se diziam apóstolos, mas não eram de fato. Ele os chamou de mentirosos (Ap 2.2). Tiago, Barnabé e Paulo foram considerados pela Igreja como apóstolos na mesma autoridade dos doze de Jesus. O que se pode notar é que não eram apenas os doze as testemunhas oculares da ressurreição de Jesus e de suas obras, pois Matias não era falado entre os apóstolos nos Evangelhos, mas foi cotado como uma testemunha ocular. É digno de nota também que foram propostos dois nomes: Matias e José, chamado Barsabás, sendo que ambos eram testemunhas, caso contrário, não seriam nem escolhidos para substituir Judas. João Marcos é considerado alguém bem próximo de Jesus, já que ele é o único a falar de um jovem que foge desnudo no Getsêmani (Mc 14.51). Ele foi chamado por Lucas de hyperetes. Uma palavra técnica usada somente para apóstolo também (comp. At 13.5; 1 Co 4.1). No caso de Barnabé, parece ser alguém bem familiar entre os apóstolos e reconhecido entre eles, pois ele foi chamado de filho da Exortação por eles e foi ele mesmo que recomendou Paulo ao círculo apostólico (At 4.36; 9.27). O próprio Lucas o reconheceu como apóstolos juntamente com Paulo (At 14.14). Paulo também tinha plena convicção que Barnabé era um apóstolo (1 Co 9.5,6). O contexto era completamente de apóstolos reconhecidos pela Igreja, pois ele fala de Cefas, os irmãos do Senhor e inclui Barnabé como fazendo parte desse círculo. Na carta aos Gálatas, Paulo novamente cita Barnabé num contexto de apóstolos com autoridade reconhecida (Gl 2.9). Portanto, fica claro que além dos doze apóstolos, havia um grupo que a Igreja reconhecia como apostoloi tou Christou e se findou em Paulo. Ele afirma isso quando diz que era um nascido fora do tempo (1 Co 15.8). O sentido é que Paulo estaria mostrando que Deus já tinha fechado o círculo de apóstolos autorizados na Comunidade dos Cristãos e que ele era o último que Deus permitiu.

A palavra apostolos sendo usada no sentido geral
Apesar de que a palavra apostolos tenha tido um sentido técnico de enviado com autoridade de Cristo e sua designação limitada a somente alguns poucos da Igreja de Cristo, essa palavra foi usada no NT para enviado, servo como em Fp 2.25 que Paulo chama Epafrodito de apostolos. Os tradutores entenderam muito bem que o sentido era de um mensageiro, um enviado apenas, não um título ou um dom. João também coloca essa palavra nos discursos de Jesus quando escreve em Jo 13.16: nem o enviado maior que aquele que o enviou. Deixa claro que essa palavra ainda era usada na sua forma mais simples como alguém que era enviado para algum serviço ou um mensageiro de confiança. Jesus, nesse texto, confirma que todos nós podemos ser um enviado / apostolos, deixando óbvio que não é a mesma designação de Efésios e Coríntios, pois ele concedeu somente a alguns.
Os apóstolos que são ordenados hoje em dia exigem autoridade acima dos pastores, geralmente são de igrejas grandes e poderosas ou líderes de megas ministérios. Há uma hierarquia: Os apóstolos ficam acima dos Bispos e esses acima dos pastores. Há aqueles que precisavam ter um título acima dos apóstolos. Como não havia na Bíblia, criaram a seu bel prazer o nome de “Paipóstolo”. Esse tipo de comportamento já desqualifica o que significava a palavra em si, mostrando que jamais foi isso que Paulo queria para a Igreja de Cristo.

Os Pais da Igreja

É algo impressionante que nenhum pai da igreja é chamado de apóstolo. Todos os seus escritos citam os apóstolos conhecidos pelas escrituras, mas jamais eles se autodenominam “Apóstolos”. Muitos são chamados de bispos, mas não se tem conhecimento que algum pai da Igreja fosse chamado de apóstolo. Se nenhum Pai da Igreja foi chamado de apóstolo é muito estranho que hoje em dia se veja apóstolo por todos os lados e até correndo risco de ser preso por mau uso de dinheiro.

A Interpretação de Efésios 4.11

Tem-se que admitir que esse texto não é tão fácil de interpretação. Por isso a razão de tanta polêmica. Ao que parece os ministérios eram claros na Igreja local e que não se precisava explicar detalhes. Porém, precisa-se fazer uso da Hermenêutica e da Exegese para que se possa perceber a intenção de Paulo. Uma regra de Hermenêutica clara de interpretação é atentar primeiramente para o contexto imediato do parágrafo e do livro. Depois, pode-se pensar em outras coisas. A Comunidade Cristã era ensinada que os apóstolos eram um número limitado, pois por isso que Paulo sempre começava suas epístolas com a famosa frase apostolos tou Iesou Christou / apóstolo de Jesus Cristo (Ef 1.1). Quando Paulo fala em apóstolos e profetas, precisa-se analisar que é na mesma designação dos textos do mesmo livro Ef 2.20 e 3.5. Paulo explica que a Igreja estava sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo Cristo a Pedra Angular. A Igreja estava consciente que não havia mais apóstolos com autoridade dos doze além daqueles poucos que Deus escolheu. Partindo disso que se pode analisar Ef 4.11. Não é porque Paulo incluiu os apóstolos e profetas entre evangelistas, pastores e mestres que obrigatoriamente Paulo esteja dizendo que tenha que ter apóstolos e profetas na igreja local, pois Paulo estava escrevendo de uma forma abrangente que Jesus concedeu dons aos homens (Ef 4.8) (o profeta que se fala aqui é aquele que tinha a autoridade de falar a Palavra de Deus inspirada). Isso implica dizer que essa abrangência incluiria até os apóstolos e profetas de número limitado. O que se entende é que Paulo deu a primazia aos fundamentos das Escrituras em primeiro lugar. Seria como se Paulo dissesse: Deus escolheu em primeiro lugar a sua Palavra falada pelos apóstolos e profetas, depois os evangelistas, pastores e mestres. A mesma coisa pode-se pensar quando Paulo fala em 1 Co 12.28. Notem que Paulo estava falando de dons que se manifestam sobrenaturalmente e não tinha tocado em apóstolos, mas agora diz que na Igreja deveria ter em primeiro lugar apóstolos e segundo profetas. Claro que esses profetas estão dentro do contexto de Ef 2.20; 3.5, pois Paulo iria falar de profetas que tinham o dom de profecia e que seriam julgados pelos demais profetas; mas esses seriam aqueles que tinham autoridade de falar a Palavra de Deus como em 2 Co 12.11,12; Ef 2.20. O que Paulo estava falando aos coríntios era a mesma coisa que falou aos Efésios: eles deveriam atentar para os fundamentos dos apóstolos e profetas em primeiro lugar, depois, os demais dons.
Portanto, é muito duvidoso que se tenham apóstolos na igreja local simplesmente porque são citados juntamente com outros dons. O que se precisa analisar é que no contexto do Novo Testamento ninguém poderiam ser apóstolo além daqueles que foram designados por Deus, pois eles eram os únicos que tinham autoridade de falar a Palavra de Deus com fidelidade.

Conclusão

Conclui-se que as igrejas que não aderiram à ordenação de apóstolos são mais prudentes, mais bíblicas e mais capacitadas. Mesmo que haja divergências quanto ao uso do dom de apóstolo, mas diante das evidências contrárias e dos exageros, devem-se ter os olhos bem atentos a igrejas que trazem a “Restauração do Ministério Apostólico”. Gostaria de trazer esse alerta, não questionando o chamado ao ministério, diga-se de passagem, mas questionando apenas o dom de apóstolo e valorizando o Fundamento dos Apóstolos e dos Profetas como única regra de fé e prática.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

DISCÍPULOS DE CRISTO OU DE HOMENS?

Nesses últimos anos, algumas igrejas têm dado muita ênfase ao discipulado, principalmente as Igrejas que adotaram a visão G-12 como estratégia ou como Convenção. Essas igrejas ensinam a ter discípulos, de preferência 12, à semelhança de Jesus. Desses 12, deve haver uma multiplicação de discípulos formando o que eles chamam de “gerações”. Esses discípulos passam a dever obediência e honra a ponto de quase todas as decisões deles sejam opinadas ou interferidas pelo discipulador. Daí vêm coisas absurdas como a prova de obediência de seus discípulos obrigando-os a fazer atos que são constrangedores e ensinando-os a darem o que eles chamam de “primícias” (embora que tudo seja voluntário). Essas “primícias” são uma oferta ao discipulador ou o que eles chamam de “Cobertura Espiritual”. Cada líder maior se considera um apóstolo e os menores são chamados de “meu discípulo”, “um dos meus doze” ou simplesmente “pastor”, pois “apóstolo” é somente para os maiores em hierarquia. Como não tem um título superior, há alguns que até inventam como o Pr. René Terra Nova que se auto-intitula de “Paipóstolo”. Esses discípulos agem quase como fanáticos. São ensinados a fazerem alianças entre eles e a terem uma obediência quase incondicional, sendo o discipulador tratado quase como um deus. Há casos que os discípulos lavam os pés do discipulador, não percebendo que, pelo texto bíblico, é o líder que tem que lavar, pois Jesus foi que teve a iniciativa. Esse discipulado, encabeçado pela visão do G-12, parece espiritual e correto, mas completamente fora de coerência bíblica e exegética.

O objetivo desse ensaio é analisar o que o Novo Testamento ensina sobre o discipulado, mostrando alguns perigos e distorções doutrinárias, mesmo correndo o risco de ser discriminado, excluído, desprezado, apagado de listas, perder a amizade e até de ser evitado, pois é assim que são tratados aqueles que falam alguma coisa contra o G-12. Como o objetivo é agradar a Deus em primeiro lugar e a defesa de sua Palavra, não se deve temer a nada, apenas sente-se dó daqueles que se inclinam, em nome da unidade, ao erro. Unidade não implica a falta de diálogo e de defesa contra o erro, pois a Escritura está cheia de advertências à pureza doutrinária (Rm 16.17; Gl 1.7-10; 1 Tm 1.3; 4.16; 6.3-5; 2 Tm 2.17,18; 4.1-3) bem como o próprio Paulo repreendeu a Pedro que era considerado coluna da Igreja sem perder a unidade (Gl 2.9-14). Calar-se diante de distorções doutrinárias é pecado e não unidade. É tornar-se morno diante de perigos à vida da Igreja.

A INTERPRETAÇÃO DE MATEUS 28.19,20

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.

Esse texto é usado como base do discipulado e dessa tendência de discípulos dos 12. O grande problema é a má interpretação do verbo grego matheteuo / fazer discípulo e do seu contexto escriturístico. Esse verbo é usado apenas quatro vezes no NT (Mt 13.52; 27.57; 28.19; At 14.21). No verso de Mt 28.19, o verbo grego matheteusate / fazei discipulos está no imperativo aoristo na voz ativa. Isto quer dizer que Cristo ordenava que eles fizessem discípulos para ELE, Cristo, não uns para os outros. Se fosse assim, o verbo teria que estar na voz média em grego, ou seja, o verbo praticaria uma ação em torno de si mesmo. O que Jesus ordena é que eles levem outros a serem como eles, discípulos de Cristo. Isso é confirmado de várias formas: Primeiro, pelos particípios gregos baptizontes / batizando e didaskontes / ensinando direcionados ao próprio Cristo e diretamente relacionado ao verbo fazei discípulos. O batizar seria em nome da Trindade e deveria levar a pessoa ao compromisso com Deus e conseqüentemente com Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade. O ensinar implica nas coisas que Cristo havia ordenado. Isto quer dizer que a pessoa deve ser ensinanda a ser obediente a Cristo e não ao seu instrutor. Segundo, pelos ditos do próprio Cristo sobre seu discipulado. Jesus fala sobre ser SEUS discípulos e não de outrem (Mt 10.42; Lc 14.26, 27, 33). Ele disse: nisso conhecerão que sois MEUS DISCÍPULOS: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13.35 grifo meu). Fica claro que Jesus queria que fossem reconhecidos por serem seus discípulos (Jo 15.8). O próprio João Batista levou os seus a seguirem a Cristo, pois ele, como sendo o último profeta do VT, agora os entregaria ao Cordeiro de Deus Que Tira o Pecado do Mundo (Jo 1.37-40).

O testemunho de Lucas em Atos dos Apóstolos demonstra que a Igreja entendeu o mandamento de Cristo, pois a Igreja era conhecida como “hai mathetai / os discípulos” (At 9.1; 9.38; 11.26; 13.52; 14.28; 18.23,27; 19.1,9,30; 20.1,30; 21.4). Todas essas passagens o substantivo acompanha um artigo definido ou o pronome tis, mostrando que seria um discipulado específico. Dois textos são explícitos: em At 9.1 que afirma “os discípulos do Senhor” e o outro em At 11.26 que os discípulos foram chamados de Cristãos. Fica óbvio que seriam discípulos de Cristo. Há apenas um só texto que há uma crítica textual e coloca os discípulos como sendo de Paulo (At 9.25). Segundo o texto Crítico produzido por Westcort e Hort há um pronome possessivo autou que a tradução atualizada traduz “os seus discípulos” relacionando-os a Paulo; porém, mais de 3000 manuscritos gregos não têm esse pronome, que é o texto Majoritário, acompanhando as versões RC, King James, TF. O texto Crítico, geralmente traz variantes absurdas e contraditórias, bem como retira passagens essenciais dos Evangelhos por simples questões de pressupostos baseando-se em poucos e fracos manuscritos. Seria muito estranho que em nenhuma passagem de Atos ou nas Epístolas o substantivo mathetes não acompanhe pronome no genitivo e somente nessa passagem, onde alguns poucos manuscritos registram, acompanhe; sendo que, no verso seguinte do mesmo texto, o mesmo substantivo vem novamente sem o pronome (At 9.26). Portanto, o texto Majoritário é mais coerente nessa passagem ficando como na tradução da Revista Corrigida (RC). Pode-se concluir, então, que fora desse texto, não há uma única base que os apóstolos chamaram outros de discípulos ou que reivindicaram um discipulado exclusivo somente para algumas pessoas.

Ser discípulo era algo bem forte, implicava reter os princípios do discipulador e ele tinha uma certa autoridade espiritual sobre esse discípulo. Se os apóstolos não tiveram discípulos nem ensinaram a tê-los, então é muito perigoso se aventurar com um discipulado sem base formando “seus 12 discípulos”. A Bíblia ensina fazer discípulos de Cristo e não de outras pessoas ou de si mesmo. Quando se ensinam outros, deve-se levar a pessoa a ser obediente aos ensinamentos do Cristo Vivo e não a uma submissão própria fazendo-a temer até uma crítica ou provando se de fato é um “discípulo” obediente.

Paulo, algumas vezes, escreveu aos seus leitores que fossem seus imitadores (1 Co 4.16; 11.1; Fp 3.17; 1Ts 1.6; 2.14), mas essas advertências nunca eram para um grupo somente, nem Paulo os estava levando a serem um dos 12, 13, 150 discípulos dele, mas para toda a Igreja. Esses versos ensinam que precisamos ser referenciais também de Cristo, pois Paulo afirma em (1 Co 11.1) “assim como sou de Cristo”. Não somente os Mestres, mas todos, pois as epístolas foram dadas à Igreja no geral e pelo contexto não exclui ninguém para ser um paradigma, já que Jesus afirmou que o “conhecerão que são meus discípulos” a todos aqueles que o servem em espírito e em verdade.

Apesar de que a palavra discipulos em latim queira dizer estudante, aprendiz; mas a palavra mathetes em grego era mais que um simples estudante. Essa palavra em grego evocava uma obediência em um compromisso. Por isso que em Mateus 13.52 o verbo matheteuo é usado na voz passiva para indicar compromisso com o Reino de Deus e traduzido na Linguagem de Hoje como “se torna discípulo do Reino de Deus”. Evocar discípulos para si é tentar ter uma autoridade espiritual ilícita usurpando o lugar que somente Cristo pode assumir. Jesus advertiu sobre isso dizendo que a ninguém chamasse de Mestre, porque UM SÒ é o vosso Mestre – Jesus e todos vós sois irmãos (Mt 23.8,9). Jesus usou o substantivo kathegetes / mestre como guia, uma palavra em grego similar à palavra hebraica Rabbi que dizer meu Mestre. O Rabi, na época, trazia uma certa autoridade espiritual àqueles que eram subordinados. Ele não usou didaskalos, como Paulo várias vezes falou que deveria ter na Igreja (Ef 4.11). Jesus estava ensinando que ninguém pode ter uma autoridade inquestionável ou uma autoridade que leve alguém a ser guiado como guru, guia espiritual ou “cobertura espiritual”. Isso traz um certo perigo, já que isso é uma das características das seitas, um discipulado fanático de obediência e reverência tal que são levados a suicídios ou outras coisas perigosas. Claro que isso não diz respeito a esse discipulado dos 12, mas é similar podendo a ter prejuízos sérios à fé.

Como conclusão, trar-se-ão sugestões, para que não fique somente na crítica teológica. Aconselha-se àqueles que estão em células ou grupos pequenos que ajam como líderes, respeitando a individualidade de cada um sem cobrar obediência, se não a Cristo pelas Escrituras; todos os membros de igreja devem ter cuidado de todo discipulado que exija de você algo incoerente ou que troque valores exigindo submissão incondicional, embora que não falem assim. Aconselha-se a Convenções que alertem seus pastores do perigo desse discipulado, se forem corajosas, pois foram as grandes igrejas que adotaram esse esquema e fica difícil uma convenção falar algo. Teria que ter coragem para que princípios estejam acima de “Ibope eclesiástico”. Àqueles que chegarem ao alcance desse texto e estejam procurando uma igreja, saiam de todo discipulado que tente ficar no lugar de Cristo. Aceite um discipulado que o seu mestre ensine a ser discípulo de Cristo, porque importa que Cristo cresça e os outros diminuam (Jo 3.30).

terça-feira, 16 de outubro de 2007

RENOVAÇÃO E DOUTRINA


Falar de sua própria denominação ou de seu próprio seguimento não é fácil. Realmente é como se cortasse a própria carne; porém, nesses últimos anos tenho me preocupado com o futuro de minha denominação e das igrejas neo-pentecostais, chamadas “renovadas”. Antes, gostaria de afirmar que creio na contemporaneidade dos dons, no Batismo no Espírito Santo como uma bênção advinda depois da salvação. Não somente creio como, pela graça de Deus, tenho alguns dons diversos e tenho um texto escrito sobre o dom de línguas falado na igreja. Infelizmente, tenho que começar falando dessa forma para mostrar que não perdi a visão de pregar e crer em todo o conselho de Deus, como disse o apóstolo Paulo.

Outra consideração que gostaria de afirmar, caso esse texto seja lido por incautos e desavisados, é que a palavra “doutrina” quer dizer ensino das Escrituras – didachë. Não falo de usos e costumes como essa palavra significa a alguns grupos.

A renovação veio como um avivamento, como uma roupa nova que estava guardada no guarda-roupa e a Igreja passou a usá-la, pois começaram a crer no Batismo no Espírito Santo, na contemporaneidade dos dons, na expulsão de demônios e na pregação do Evangelho conforme diz Marcos 16.15-20. Não obstante tudo isso, muitas doutrinas estranhas entraram no seio da igreja renovada ameaçando as principais doutrinas da fé cristã, bem como trazendo decepção da vida cristã a muitos por promessas que não se cumprem. Há muito tempo, a igreja renovada deixou a doutrina reformada da “justificação somente pela fé”. Muitas igrejas são semi-pelagianas, pastores negam abertamente a salvação somente pela fé. Para piorar, muitos crêem na palavra positiva, maldição hereditária vinda das palavras e possessão de demônios em crentes, anulando e colocando em xeque a obra de Cristo na cruz. Paulo deixou claro que Cristo se fez maldição em nosso lugar afim de que a bênção de Abraão chegasse até nós e recebêssemos o Espírito prometido (Gl 3.10-14). Paulo usa, no verso 14, os dois verbos gregos no subjuntivo aoristo genëtai / traduzido na RA para chegar até, tornar-se e labömen / receber. Isso quer dizer que é uma vez por todas, como certo e não duvidoso. Cristo fez tudo o que devíamos ter e receber. Por isso que fomos ABENÇOADOS com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais (Ef 1.3). O que vem depois é somente a santificação e ponto final.

As igrejas renovadas não se contentam com a revelação da Palavra de Deus. Partem para especulações e algumas doutrinas são baseadas, unicamente, em experiências. O pragmatismo tomou conta das nossas igrejas e dos chamados “profetas e apóstolos”. Geralmente, as pregações dos pastores renovados são vazias de conteúdo bíblico e contentam o povo com orações por curas e para caírem; mas as pregações são cheias de doutrinas com uma Hermenêutica defeituosa, sem compromisso com a exegese bíblica. Muitos inventam nomes de demônios que jamais a Bíblia falou e jamais ensinou. As palavras na oração de petição, rogar, pedir são trocadas por “eu decreto”, “eu profetizo”; sendo que o próprio Jesus usou rogar, pedir ao Pai. Hoje, a Igreja renovada trocou até a linguagem bíblica por pragmática e vinda da Teologia da Prosperidade dos USA.

Os pastores renovados têm baixo conhecimento exegético e teológico. Até as Assembléias de Deus estão escrevendo comentários bíblicos, aderindo a escritos de Puritanos como Matthew Henry. Porém, quando se procura no evangelicalismo renovado mestres capazes, praticamente não existem. Diante de uma tese que defendo com respeito aos últimos versos de Marcos eu tenho que depender somente de escritos em inglês. Todos eles de mestres e doutores de igrejas históricas. A maioria dos pastores pentecostais não se aprofunda em Teologia, principalmente renovados. Quando vemos no Brasil, há um baixo nível de conhecimento teológico de pastores renovados e aqueles que têm, usam somente quando ensinam nos seminários. Colocam-na, somente, na área acadêmica. Infelizmente, não confio para ministrar em minha igreja, na maioria de pastores renovados, ou quase todos. A razão é porque muitos não têm uma boa análise das Escrituras e são adeptos das doutrinas da palavra positiva, maldição hereditária para crentes, e outras coisas sem base. Não é raro conversar com um desses pastores e ouvir: “tem coisas que a Bíblia não ensina e, por isso, temos que depender das experiências”. Com tristeza de coração digo que esses há muito tempo se distanciaram da igreja reformada e da Palavra de Deus que diz que TODA ESCRITURA É INSPIRADA POR DEUS E ÚTIL PARA O ENSINO, CORREÇÃO, EDUCAÇÃO NA JUSTIÇA (2Tm 3.16). Temos que admitir que a Bíblia não explica tudo; porém, ela nos dá base para tudo que devemos aceitar para o nosso crescimento e vida espiritual. Qualquer coisa que não tenha nenhum respaldo nas Escrituras devemos rejeitar com muito prazer.

A maioria das igrejas renovadas aderiu o tipo de crescimento G-12. Como opção de crescimento de igreja tem suas vantagens e importância, mas tem os seus perigos devido a alguns do Brasil introduzirem doutrinas e coisas que nem na Colômbia existe, onde se começou essa visão de crescimento. A maioria dos pastores de igrejas renovadas aderiu a ensinos que ferem doutrinas principais como, por exemplo: o sacerdócio de todos os crentes. Não é raro ouvir e ler mostrando que os pastores são sacerdotes e que existe o ministério “sacerdotal” para pastores, negando 1Pe 2.9. Muitos usam um broche com o peitoral dos sumos-sacerdotes, mostrando uma certa superioridade ministerial. Muitas igrejas renovadas aderiram coisas estranhas como o toque do shophar antes dos cultos, trazem réplicas da arca da aliança e outras coisas esquisitas ao Novo Testamento. Ensinam a doutrina das alianças de uma forma completamente errada e fogem completamente da teologia bíblica que muitos nem sabem o que é isso. Eles afirmam que as alianças são feitas entre o discipulador e o discípulo fazendo uma submissão perigosa e cheia de exageros, levando a agirem quase como uma seita fanática como cortar os cabelos da cabeça, ficar descalço nos cultos, usar pano de saco literalmente. Realmente, isso envergonha àqueles que tenham um mínimo conhecimento sistemático das Escrituras.

O que falar do louvor? Claro! Se as nossas igrejas estão falidas de mestres e de teologia, não se poderia esperar muito para o louvor, já que as letras são baseadas na Bíblia. A maioria das letras modernas, vinda de igrejas e comunidades renovadas ferem doutrinas sérias da Cristologia, dos atributos de Deus e da Soteriologia. As letras que deveriam falar da cruz e da glória ao Criador, Senhor e Pai foram trocadas por letras eróticas como apaixonar, beijar, tocar, etc. A coisa ficou tão séria, que nenhum corinho é tocado na minha igreja, se não passar por mim para análise da letra. Muitas são rejeitadas, infelizmente. O ápice do culto não é mais a ministração da Palavra, mas a do louvor com um som bem alto e uma palavra rasa e superficial.

Creio que um dos fatores para chegar a isso foi a tendência de pensar que alguém que crê nos dons não pode se aprofundar em teologia ou em exegese por que pode ficar frio. Por outro lado, aqueles que estudam teologia caem no mesmo erro em pensar que não podem buscar e crer nos dons por que, se não, ficam pentecostais. Tudo isso vem de uma má compreensão das Escrituras em mostrar que devem vir juntos o poder e a palavra. Jesus disse aos fariseus: “errais não conhecendo as Escrituras e nem o poder de Deus” (Mt 22.29). O poder sem palavra vira fanatismo e perigoso; a palavra sem o poder se torna dificultoso àquele que a usa, já que é o Espírito que convence, sendo a sua espada.

Os cursos e ministérios “para-eclesiásticos” de batalha espiritual têm feito transtornos a alguns quando ensinam que o crente pode ficar endemoniado e ser um suposto satanista. O julgamento é totalmente subjetivo e muitas igrejas têm tido problemas com pessoas que começam a julgar os irmãos, simplesmente dizendo que “Deus revelou que fulano é satanista”.

Portanto, precisamos de uma reforma novamente. Hoje não precisamos tanto de renovação, mas de reforma. Reforma no sentido de uma volta às Escrituras; reforma no sentido de uma volta aos fundamentos do Evangelho do Cristo e este crucificado. Precisamos de uma reforma entre os pastores em gastar tempo na preparação de estudos e em preparar-se para estarem prontos contra as forças das trevas, invadindo a igreja com doutrinas sutis e perigosas. O pior disso é que estão entrando pelas portas, vinda de pastores que se dizem renovados e igrejas não passam de um grupo de pessoas que dançam, pulam, choram (sinceras até); mas sem nenhum conhecimento teológico e doutrinário. Precisamos voltar. Creio que estamos indo para um caos. Se não voltarmos às Escrituras, estaremos diante de uma igreja nominal, medieval e voltaremos à chamada “Idade das Trevas”. Só que dessa vez, falando em línguas.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

A MÁFIA NO SENADO ASSOMBRA


O escândalo da absolvição do senador Renan Calheiros assombra. Assombra, não pelo caso em si, pois todos sabem que isso sempre aconteceu com a maioria dos políticos de nosso país; mas da forma que foi feita a sua absolvição. Senadores, em troca de favores e chantagens na cara do povo, absolvem aquele que a consciência clama pelo contrário, devido a provas claras e estampadas na mídia por revistas, tv e Internet. Assombra pela conivência do nosso excelentíssimo presidente, que, ao invés de ter uma oportunidade para limpar seu nome de conivência no caso do mensalão, sai de mãos dadas e rindo ao lado daquele que está sob três processos no conselho de ética e que somente foi absolvido porque foi em votação secreta para esconder os favores, propinas e chantagens. Para piorar mais, o presidente ordena ao seu partido que lutem pela absolvição do Renan Calheiros, conforme a revista Veja. Na cara do povo fazem tramas, barganhas políticas sem nenhum escrúpulo. Até aqueles que deviam ser os paladinos da justiça com o nome de evangélicos, sucumbiram ao veneno da corrupção, injustiça e mentira.
O que mais me assombra não é tudo isso, mas em saber que todos esses senadores e o próprio presidente da república, que consolida seu governo com o mais corrupto da história, ainda vão receber votos da maioria. Muitos vão defendê-los e até vão ser cabos eleitorais desses senadores e do excelentíssimo presidente. Vão dizer que sempre existiu e se todos fazem, por que o Lula não pode ou o seu governo não pode também? Assim vira um círculo vicioso. Eles não conseguem punir mais o Lula, não conseguem punir mais nenhum petista. Sabendo disso, o presidente não se envergonha de dizer que ninguém tem mais autoridade de falar de ética que ele. O povo ouve e aceita sem saber que estão, com isso, assinando um papel em branco para que façam tudo o que quiserem sem temor algum de mudarem os eleitores. Todos foram atingidos com benefícios e poucos vêem a ética como elemento fundamental para a nação. Afirmam: eu vou votar em fulano porque a minha categoria recebeu um aumento, a minha casa recebe uma bolsa-família, o meu parente foi nomeado, o meu filho recebeu um benefício qualquer. Enfim, o julgamento moral é colocado para trás, pois o benefício foi maior que a consciência de que um país melhor é feito com ética; a ética traz a ordem e a ordem, o progresso. Por enquanto, o tema de nossa bandeira "ordem e progresso" não passa de uma ironia e as estrelas da nossa bandeira são como lágrimas de um país devastado pela corrupção.
Ainda há uma solução para isso: punir com o voto. Se todos os partidos erraram, deve-se ponderar qual deixou mais a desejar; Deve-se escolher outro candidato, mesmo que não seja de um partido grande ou outro candidato do mesmo partido que não esteja envolvido em corrupção ou conivência desse nível. Somente assim, poder-se-á mudar a história de nossa nação.