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INTRODUÇÃO
O século XXI é caracterizado por uma
militância ativa do ateísmo. Essa nova ideologia é chamada de Neo-ateísmo. Os
seus adeptos caracterizam-se por uma total manifestação ativa contra qualquer
religiosidade, fé ou noção de um deus qualquer. Hoje, facilmente se veem frases
ateias em outdoors, em ônibus, em livros que se tornam best seller e blogs que
ridicularizam a religião. Eles afirmam que os religiosos abandonam a ciência ou
a eliminam de sua cosmovisão.
No entanto, o grande debate não está
entre ciência e religião ou ciência e teologia, mas entre ateísmo e teísmo,
pois existem cientistas nos dois lados. A grande questão está na cosmovisão que
ambos seguem. O ateísmo tem como pressuposto principal o materialismo, pois
acreditam que a realidade última é a matéria e que o universo explica a si
mesmo. Já o teísmo tem como pressuposto principal que a realidade última é Deus
e o universo não explica a si mesmo. Não obstante, a grande questão é qual das
duas é mais razoável diante dos avanços científicos.
Diante disso, vem um questionamento: por
que mais pessoas cultas, instruídas e mais cientistas aderem ao teísmo ou ao
cristianismo como no caso de Francis Collins que é pesquisador e diretor do
projeto genoma humano, responsável pelo mapeamento do DNA. Ele declarou a sua
rejeição ao ateísmo no seu livro The
Language of God: A Scientist Presents Evidence for Belief. Por que existem um
grande número de cientistas que declaram-se teístas, inclusive professores da
mesma universidade de um dos principais líderes do ateísmo, Richard Dawlkins?
Alguns deles são: John Lennox, PhD em matemática e Alister Mcgrath,
pós-doutorado em biofísica molecular.
A resposta
está que o teísmo responde aos grandes questionamentos da humanidade e o
ateísmo tem falhado em refutar ou trazer respostas coerentes e científicas, já
que eles advogam a ciência como o único meio epistemológico. Bertrand Russell
afirmava: “qualquer conhecimento que é alcançável deve ser
alcançado por métodos científicos; e o que a ciência não pode descobrir, o
homem não pode saber”.
No entanto, o
motivo dessa militância é uma reação contra evidências na biologia com
estruturas microscópicas que são verdadeiras máquinas, da origem da informação
no DNA, das fórmulas matemáticas no universo que fazem os cientistas chamarem
de “Sintonia Fina”. Essas pesquisas que têm intrigado os cientistas, somado à
ineficiência da ciência em responder perguntas básicas, têm sido fatores que
mais cientistas têm visto o ateísmo com outros olhos. Como afirmou o biólogo de
Oxford Sir Peter Medawar: “A existência de um limite para a ciência é tornado
claro pela sua inabilidade de responder perguntas elementares e infantis
concernentes às primeiras e últimas coisas – perguntas tais “como tudo
começou?”; “Por que estamos aqui”; “Qual a razão para se viver?”[1]
2 A HISTÓRIA DO CONFLITO ENTRE RELIGIÃO E ATEÍSMO
Desde
Demócrito, o autor da teoria atomista, e Lucrécio, poeta e filósofo latino, a
tensão entre a existência de Deus como causa primeira e a matéria como início
existiam. Isso se estendeu por Sócrates e Platão.
No entanto, a
partir do iluminismo, os filósofos e cientistas abandonaram o pressuposto de um
Deus pessoal, majestoso, eterno e criador. Rene Descastes começou com o método
cartesiano, que afirmava a existência de algo somente através de provas. A sua
dúvida se estendeu até à própria existência. Por isso, a sua frase cogito,
ergo sum demonstra que somente damos conta da nossa existência quando
pensamos.
Com o
iluminismo, no século XVIII, a experiência, a razão e o método científico passaram
a ser a únicas formas de obtenção do conhecimento, pois, segundo eles, isso é a
única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Dentre os pensadores que
defendiam essa ideia, estão: Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu,
Diderot, D'Alembert e Rosseau.
Já no século
XIX a influência do positivismo de Augusto Comte afirmava que o ideal da
sociedade era a “ordem e progresso”. Ele afirmava que o fato histórico deve
falar por si próprio e o método científico, controlado e medido. Portanto, essa
é a única forma de chegar ao conhecimento.
Karl Marx
utiliza o materialismo histórico para desenvolver a sua teoria marxista. A
famosa frase de Marx que afirmava: “a religião é o ópio do povo” traz base para
a ideologia comunista e socialista, pois levou muitos à morte como aconteceu no
regime de Josef Stalin na chamada União Soviética.
Porém, foi com
Friedrich Nietzsche que a cosmovisão de um Deus ou um criador ficou remota,
pois ele declarou a “morte de Deus”. Para ele, o Cristianismo ou os valores
morais religiosos não tinham mais sentido, pois foram ultrapassados pelos
valores deste mundo. Portanto, pode-se perceber que essas ideologias eliminam
por completo a ideia de um Criador para outra que afirmava que a ciência e o
que se pode conhecer são suficientes para explicar a existência, o mundo e
todos os questionamentos ontológicos humanos.
Como se não
bastasse tudo isso, a falta de respostas inteligíveis dos ateus com respeito às
principais perguntas que os teístas colocam Deus como solução tornaram as bases
do ateísmo cada vez mais ameaçadas de ruir, pois foram pressionadas pelas
pesquisas e descobertas científicas que apontam para um Designer ou um Criador.
3. OS PILARES ATEÍSTAS EM RUÍNAS
Os neo-ateus
insistem em trazer alguns argumentos para a sua ideologia, embora que afirmam
que não se pode provar algo que não existe. No entanto, não acontece isso na
prática, pois existem vários livros escritos de vários autores que tentam
trazer argumentos que Deus não existe. Esses argumentos são continuamente
repetidos em palestras e em livros, demonstrando, assim, que são os pilares da
ideologia neo-ateísta.
3.1. Deus não é necessário
O primeiro pilar ateístas é a inutilidade
de Deus porque a ciência responde tudo, afirmam eles. No entanto, esse
argumento é muito frágil. Quando se afirma que Deus é desnecessário, precisa-se
ter respostas para os vários questionamentos que somente a ideia de um Deus
soberano, poderoso e sábio responderia. Por exemplo, o ateísmo teria que ter
respostas convincentes para a origem de todas as coisas. Isso inclui desde o
universo, que tem formas matemáticas e estéticas até máquinas biológicas e
informação de alto nível no DNA. Precisamos lembrar aos ateus que o universo
não é algo desorganizado, mas completamente organizado e regido por leis tão
precisas que impressionariam uma pessoa sincera e inteligente. A própria
palavra grega κόσμος quer dizer “ordenado”. Ela vem do verbo κοσμέω que quer
dizer “colocar em ordem”, “ter em harmonia”. Portanto, os gregos entendiam que
o cosmos era algo que estava em ordem e completamente sistemático.
Estruturas
biológicas microscópicas como o flagelo bacteriano que é uma verdadeira máquina
e que tem toda uma estrutura de um motor rotatório esfriado por água, tendo
rotor, embreagem e freio; informação de alto nível criptografada no DNA e que
se desloca como o Mobile DNA são exemplos de organização, planejamento e
inteligência. Sem falar de estruturas orgânicas complexas que demonstram
planejamento de alto nível como o sistema ocular, sanguíneo e nervoso.
Portanto, tudo
isso leva a um ser sábio, poderoso e transcendente. Negar isso é ir contra a
racionalidade e navegar em um mar de dúvida totalmente desnecessário.
Os neo-ateus
argumentam que isso é colocar Deus em algo que a ciência não explica e chamam
isso de “lacunas”. No entanto, as “lacunas” só existem quando uma resposta não
se encaixa ou não tem nenhuma conclusão lógica. Quando concluímos que um ser
inteligente poderia estar por trás do universo e de toda a complexidade da
vida, estamos fazendo o que naturalmente faríamos ao percebermos estruturas de
tal natureza. Portanto, não existe “lacuna”, mas conclusão lógica e bem
precisa, assim como a conclusão que as pirâmides do Egito foram construídas por
pessoas inteligentes, mesmo que não sabemos quem exatamente as fizeram e como
as fizeram.
Por isso, a
ciência tem corroborado cada vez mais a existência de Deus pois demonstra
estruturas científicas com complexidades irredutíveis microscópicas, como
também sintonia fina no universo.
Além disso, a
ciência jamais responde sobre assuntos éticos, estéticos e ontológicos. O
ateísmo vem com uma capa de erudição afirmando que o verdadeiro cientista tem
que ser ateu. No entanto, atualmente, existem cientistas de ambas vertentes. Os
grandes cientistas, antes do iluminismo, admitiam o pressuposto da existência
de um Criador pessoal. Por exemplo: Galileu, Kepler, Newton, Copérnico, Linneo,
Ampere. Todos esses cientistas tinha como pressuposto que todas as coisas
vieram de um Criador sábio e poderoso. Depois, Deus foi trocado pela crença que
apenas a matéria pode causar leis físicas e biológicas. No entanto, todos
admitem que somente uma inteligência pode criar leis, planejamento e
complexidade.
3.2. A religião é má e a causa de muitos conflitos
e mortes
O segundo
pilar ateísta é um ataque às religiões. Esse argumento é o mais obtuso e não é
inteligente. Na verdade, esse argumento jamais se encaixaria no assunto de
demonstrar que Deus não existe, pois mesmo que a religião fosse má não negaria
em nada a existência de Deus. É como alguém que quisesse demonstrar que
Cristóvão Colombo não existiu dizendo que a América é má ou que os presidentes
americanos são criminosos ou coisa parecida. Portanto, esse argumento é
completamente medíocre.
No entanto, a
acusação que as religiões levaram a mortes, confirma mais ainda a religião,
pois a Bíblia fala da falência total da humanidade. O próprio ateísmo tem seus
representantes criminosos, como Stalin e outros. Portanto, o problema não está
na religião, mas no homem que se distanciou de Deus – isso confirma mais ainda
os textos da Bíblia.
3 CONCLUSÃO:
O ateísmo,
portanto, não responde as principais perguntas humanas: qual o propósito do
homem? Como tudo começou? Por que eu devo ser bom ou proteger o meio ambiente
para pensar no meu próximo?
Somente a
religião pode se aprofundar nessas respostas e demonstrar propósito, início e
moralidade, pois elas estão na dimensão da fé. Portanto, o ateísmo deveria ser
chamado de “sem respostas” também, pois o ateísmo priva as pessoas de terem as
principais respostas da sua existência: propósito, base para a moralidade e do
altruísmo.
Resta-nos
dizer que a militância ateísta exige muito mais que fé. Ela exige abandono
total da racionalidade em prol de uma ideologia com capa de científica, mas
completamente dogmática e irracional.
ótimo artigo. Apenas resalvo que Platão, Descartes e Hegel contribuíram mais para a religião do que Aristóteles, Spinoza ou Hume. Paulo quando fala que os ritos do AT são "sombras" da realidade que é Cristo (Cl 2,17) está ecoando Platão; a filosofia cristã, depois com os pais se utilizaram muito do mundo das formas e do Estoicismo para elaborar seu arcabouço metafísico e ético.
ResponderExcluirNem um ateu que se prese afirma com 100% que deus nao existe. Eles tentam mostrar o quao improvavel é a sua existencia. Afinal no nosso mundo "Tudo é possivel, mas muita coisa é improvavel."
ResponderExcluirKleyber,
ResponderExcluirMais patético ainda quando se coloca em porcentagem, pois os ateus não tem nenhum dado científico para quantificar com segurança. Principalmente, quando as evidências são muitas acerca da existência de Deus, como escrevi.